"O mundo é formado não apenas pelo que já existe, mas pelo que pode efetivamente existir." Milton Santos - Geógrafo..

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

CHINA

Economia e história da potência

 

A China está em evidência. É capa de jornais e revistas e tema de documentários em toda parte do mundo. Não é à toa, pois o crescimento econômico chinês e seus impactos atraíram, nas últimas duas décadas, toda a atenção mundial. O PIB chinês, em 2006, superava o do Reino Unido, França, Itália e Canadá, países do G-7. As taxas de crescimento econômico chinesas, há mais de 20 anos, têm sido as mais elevadas do mundo.
A China vive o impacto de profundas transformações sócio-culturais. O cenário é de uma economia moderna. Nas ruas circulam carros importados e pessoas agarradas em seus telefones celulares. As lojas expõem mercadorias em abundância e chineses dispostos a comprar atropelam-se em grandes magazines e shopping centers. Butiques de grife, redes de fast-food também formam a moldura da paisagem urbana.
O início das transformações
A morte de Mao Zedong, em 1976, selou a trajetória socialista chinesa, que não chegou a completar 30 anos. Neste período, o socialismo em todo o mundo já começava a dar sinais de esgotamento e a China foi pioneira na promoção das mudanças que levariam à transição para a economia capitalista. Não foi uma transição simples. As disputas foram acirradas entre aqueles favoráveis às reformas e a ala minoritária e conservadora do Partido Comunista Chinês.
O grupo reformista, liderado por Deng Xiaoping, assumiu a liderança. A China de Deng
implementou a economia de mercado, permitiu a propriedade particular para o desenvolvimento das atividades econômicas, nas Zonas Econômicas Especiais (ZEE) e nas Zonas de Comércio Aberto (ZCA).
As Zonas de Comércio Aberto são regiões que, além do livre mercado, estão abertas ao comércio exterior e à entrada de multinacionais, desde que respeitadas as restrições de associarem-se ao governo ou a empresários chineses por meio de joint ventures.
As empresas são atraídas pelos baixos impostos, facilidades burocráticas para exportação e importação, mão-de-obra industrial muito barata com longa jornada de trabalho, o que torna os preços dos produtos de baixo aporte tecnológico imbatíveis no mercado internacional. A partir da década de 1990, instalaram-se montadoras de automóveis, como Volkswagen e General Motors, as de equipamentos elétrico-eletrônicos e de hardwares.
Hoje a China lidera as exportações mundiais de vestuário, calçados, brinquedos, produtos eletrônicos e já ameaça o mercado mundial de produtos químicos, máquinas e equipamentos industriais, satélites e softwares.
A China atrai investimentos do mundo inteiro, inclusive do Brasil, e a presença da nova economia chinesa no mercado mundial tem causado impactos no mercado de trabalho de diversos países: empresas fecharam suas unidades produtivas e as deslocaram para lugares que oferecem menor custo e maior rentabilidade. A China tem sido o destino preferencial destas empresas, inclusive algumas brasileiras.
O modelo chinês
A China explica que o seu sistema econômico adapta mecanismos de mercado ao socialismo, através do da forte presença do Estado que fomenta a economia e o desenvolvimento social. Um capitalismo controlado pelo Partido Comunista.
As fazendas coletivas foram distribuídas aos camponeses e foi permitida a produção para o mercado. No entanto, o poder sobre as terras pertence ao Estado e a posse pode ser transferida para outro agricultor.
Mesmo nas áreas urbanas a propriedade do solo permanece do Estado. Ser dono de um imóvel na China é ser proprietário das construções realizadas sobre o solo e adquirir o direito de utilizar o terreno por um prazo de 90 anos.
Difícil encaixar a China atual num determinado sistema econômico. É melhor usar o termo sistema chinês. A constituição chinesa afirma que a China é um socialismo de mercado. Outros afirmam que o que existe de fato é um sistema capitalista controlado
pelo Estado. De fato, a economia de mercado está em contradição com o controle estatal. Por outro lado, o socialismo teve origem no combate às desigualdades econômicas e sociais produzidas pelo mercado e, embora parcela significativa da população chinesa tenha sido beneficiada pelo crescimento econômico, os contrastes sociais são muito mais evidentes.
A contradição entre economia socialista (planificada pelo Estado) e economia capitalista (baseada no mercado) passou a ser vista pelo governo chinês como uma besteira. Deng Xiaoping chegou a declarar a esses respeito que: "Não importa a cor do gato, importa que ele pegue o rato".
O Estado foi o principal instrumento da modernização acelerada que transforma diariamente a paisagem da China. O ritmo da economia chinesa exige construções permanentes ou reaparelhamentos de portos, rodovias, estradas de ferro, aeroportos e usinas de energia.
Repressão e censura
As conquistas econômicas não foram acompanhadas por reformas democráticas e maior participação política. O controle do PCC (Partido Comunista Chinês) permanece inabalável. Em 1989, uma ampla manifestação estudantil pró-democracia foi esmagada com tanques e fuzis. Sindicatos e greves são proibidos e qualquer manifestação é violentamente reprimida. Muitos militantes por direitos civis exilaram-se. A liberdade de expressão é inexistente e as críticas ao governo chinês são severamente punidas com prisão ou morte.
O conteúdo da internet é totalmente controlado pelas autoridades locais através de filtros que bloqueiam o acesso a determinados sites na Web. A Google, para entrar neste mercado, teve que se adaptar à regulamentação e ao controle das autoridades e restringir seus conteúdos de busca disponíveis. Além disso, não hospedará blogs nem correios eletrônicos.
De acordo com a Anistia Internacional, a China foi responsável por 80% das aplicações da pena de morte realizadas no mundo no ano de 2005, e faz parte da lista dos países em que alguns condenados tem menos de 18 anos de idade.


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