"O mundo é formado não apenas pelo que já existe, mas pelo que pode efetivamente existir." Milton Santos - Geógrafo..

sábado, 27 de março de 2010

DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS

Introdução

O Brasil, país tropical de grande extensão territorial, apresenta uma geografia marcada por grande diversidade. A interação e a interdependência entre os diversos elementos da paisagem (relevo, clima, vegetação, hidrografia, solo, fauna, etc.) explicam a existência dos chamados domínios geoecológicos, que podem ser entendidos como uma combinação ou síntese dos diversos elementos da natureza, individualizando uma determinada porção do território.

Dessa maneira, podemos reconhecer, no Brasil, a existência de seis grandes paisagens naturais: Domínio Amazônico, Domínio das Caatingas, Domínio dos Cerrados, Domínio dos Mares de Morros, Domínio das Araucárias e Domínio das Pradarias.

Entre os seis grandes domínios acima relacionados, inserem-se inúmeras faixas de transição, que apresentam elementos típicos de dois ou mais deles (Pantanal, Agreste, Cocais, etc.).

Dos elementos naturais, os que mais influenciam na formação de uma paisagem natural são o clima e o relevo; eles interferem e condicionam os demais elementos, embora sejam também por eles influenciados. A cobertura vegetal, que mais marca o aspecto visual de cada paisagem, é o elemento natural mais frágil e dependente dos demais (síntese da paisagem).


Clima

O País apresenta predomínio de climas quentes ou macrotérmicos, devido à sua localização no planeta, apresentando grande porção de terras na Zona Intertropical e pequena porção na Zona Temperada do Sul.
É fundamental perceber que a diversidade climática do País é positiva para a agropecuária e é explicada por vários fatores, destacando-se a latitude e a atuação das massas de ar.



Relevo
O relevo brasileiro é de formação antiga ou pré-cambriana , sendo erodido e, portanto, aplainado. Apresenta o predomínio de planaltos, terrenos sedimentares e certas áreas com subsolo rico em recursos minerais. Um outro aspecto importante consiste na ausência de vulcanismo ativo e fortes abalos sísmicos, fatos explicados pela distância em relação à divisa ou encontro das placas tectônicas , somado à idade antiga do território.


O DOMÍNIO AMAZÔNICO

Relevo
O Domínio Geoecológico Amazônico apresenta um relevo formado essencialmente por depressões, originando os baixos planaltos e as planícies aluviais. Apenas nos extremos norte e sul desse domínio, é que ocorrem maiores altitudes, surgindo os planaltos das Guianas ao norte e o Central (Brasileiro) ao sul. (Classificação de Aroldo de Azevedo).

O planalto das Guianas, situado no extremo norte do Brasil, corresponde ao escudo cristalino das Guianas. Trata-se, portanto, de terrenos cristalinos do pré-cambriano, altamente desgastado pela ação da erosão, apresentando, como conseqüência, modestas cotas altimétricas em sua maior parte. Entretanto, nas fronteiras com as Guianas e a Venezuela, existe uma região de serras, onde aparecem os pontos culminantes do relevo brasileiro: o pico da Neblina (serra do Imeri), o pico 31 de Março e o monte Roraima. Dentre as serras podemos citar: Parima, Pacaraima, Surucucu, Tapirapecó, Imeri, etc.

A maior parte do Domínio Amazônico apresenta um relevo caracterizado por terras baixas. As verdadeiras planícies (onde predomina a acumulação de sedimentos) ocorrem somente ao longo de alguns trechos de rios regionais; os baixos planaltos (ou platôs), também de origem sedimentar, mas em processo de erosão, apresentam a principal e mais abrangente forma de relevo da Amazônia.

Clima
A Amazônia apresenta o predomínio do clima equatorial. Trata-se de um clima quente e úmido. Região de baixa latitude, apresenta médias térmicas mensais elevadas que variam de 24 °C a 27 °C.

A amplitude térmica anual, isto é, as diferenças de temperaturas entre as médias dos meses mais quentes e mais frios, é bastante baixa (oscilações inferiores a 2 °C); os índices pluviométricos são extremamente elevados, de 1 500 a 2 500 mm ao ano, chegando a atingir 4 000 mm; o período de estiagens é bastante curto em algumas áreas. A região é marcada por chuvas o ano todo.

Clima Equatorial
Este pluviograma apresenta a região de Uaupés, no Estado do Amazonas, com o tipo de clima predominante na área. Observe que a linha de temperatura não cai a menos de 24 °C e que a pluviosidade é alta durante o ano todo, não se observando estação seca.
As precipitações que ocorrem nessa região são exemplos de chuvas de convecção, resultantes do movimento ascendente do ar carregado de umidade; essas correntes de ar ascendentes são conseqüências do encontro dos ventos alísios (convergência dos alísios).



A massa de ar Equatorial continental (mEc) é responsável pela dinâmica do clima em quase toda a região. Somente na porção ocidental a frente fria (Polar Atlântica) atinge a Amazônia durante o inverno, ocasionando uma queda de temperatura denominada friagem.
A massa de ar Equatorial atlântica (mEa) exerce alguma influência somente em áreas litorâneas (AP e PA).

Hidrografia
A hidrografia regional é riquíssima, representada quase que totalmente pela bacia amazônica.
O rio principal, Amazonas , é um enorme coletor das chuvas abundantes na região (clima Equatorial); seus afluentes provêm tanto do hemisfério norte (margem esquerda), como o Negro, Trombetas, Jari, Japurá, etc., quanto do hemisfério sul (margem direita), como o Juruá, Purus, Madeira, Tapajós, Xingu, etc. Esse fato explica o duplo período de cheias anuais em seu médio curso.
O rio Amazonas (e alguns trechos de seus afluentes) é altamente favorável à navegação. Por outro lado, o potencial hidráulico dessa bacia é atualmente considerado o mais elevado do Brasil, localizado sobretudo nos afluentes da margem direita que formam grande número de quedas e cachoeiras nas áreas de contatos entre o planalto Brasileiro e as terras baixas amazônicas.

Apresenta a maior variedade de peixes existentes em todas as bacias hidrográficas do mundo. A pesca tem uma grande expressão na alimentação da população local.
Além da grande quantidade de rios na região, existem os igarapés (córregos ou riachos); os furos (braços de água que ligam um rio a outro ou a um lago); os paranás-mirins (braços de rios que contornam elevações formando ilhas fluviais) e lagos de várzea.



Solos
A maior parte do Domínio Amazônico apresenta solos de baixa fertilidade. Apenas em algumas áreas restritas, ocorrem solos de maior fertilidade natural, como os solos de várzeas em alguns trechos dos rios regionais e a terra preta, solo orgânico bastante fértil (pequenas manchas).

Vegetação
A floresta amazônica, principal elemento natural do Domínio Geoecológico Amazônico, abrangia quase 40% da área do País. Além do Brasil, ocupa áreas das Guianas, Venezuela, Colômbia, Peru, Equador e Bolívia, cobrindo cerca de 5 milhões de km2.
A floresta Amazônica possui as seguintes características:
Latifoliada: com vegetais de folhas largas e grandes;
Heterogênea: apresenta grande variedade de espécies vegetais, ou grande biodiversidade;
Densa: bastante compacta ou intrincada com plantas muito próximas uma das outras;
Perene: sempre verde, pois não perde as folhas no outono-inverno como as florestas temperadas (caducifólias);
Higrófila: com vegetais adaptados a um clima bastante úmido;
Outros nomes: Hiléia, denominação dada por Alexandre Von Humboldt, Inferno Verde, por Alberto Rangel e Floresta Latifoliada Equatorial.
Apresenta aspectos diferenciados dependendo, principalmente, da maior ou menor proximidade dos cursos fluviais. Pode ser dividida em três tipos básicos ou florestais:
• Caaigapó: ou mata de igapó, localizada ao longo dos rios nas planícies permanentemente inundadas. São espécies do Igapó a vitória-régia, piaçava, açaí, cururu, marajá, etc.
Mata de várzea: localizada nas proximidades dos rios, parte da floresta que sofre inundações periódicas. Como principais espécies temos a seringueira (Hevea brasiliensis), cacaueiro, sumaúma, copaíba, etc.
Caaetê: ou mata de terra firme, parte da floresta de maior extensão localizada nas áreas mais elevadas (baixos planaltos), que nunca são atingidas pelas enchentes. Além de apresentar a maior variedade de espécies, possui as árvores de maior porte. São espécies vegetais do Caaetê o angelim, caucho, andiroba, castanheira, guaraná, mogno, pau-rosa, salsaparrilha, sorva, etc.



O DOMÍNIO DOS CERRADOS

Introdução
O cerrado é um domínio geoecológico característico do Brasil Central, apresentando terrenos cristalinos (as chamadas “serras”) e sedimentares (chapadas), com solos muito precários, ácidos, muito porosos, altamente lixiviados e laterizados.
A expansão contínua da agricultura e da pecuária moderna exige o uso de corretivos com calagens e nutrientes, que é a fertilização artificial do solo. A mecanização intensiva tem aumentado a erosão e a compactação dos solos. A região tem sido devastada nas últimas décadas pela agricultura comercial policultora (destaque para a soja).
O cerrado apresenta dois estratos: o arbóreo-arbustivo e o herbáceo. As árvores de pequeno porte, com troncos e galhos retorcidos, cascas grossas e raízes profundas, denotam raquitismo e lençol freático profundo.

A produção de lenha e de carvão vegetal continua a ocorrer, apesar das proibições e alertas, bem como da prática das queimadas.

Localização
O Domínio Geoecológico dos Cerrados ocupa quase todo o Brasil Central, abrangendo não somente a maior parte da região Centro-Oeste, mas também trechos de Minas Gerais, parte ocidental da Bahia e sul do Maranhão / Piauí.

Relevo
A principal unidade geomorfológica do Cerrado é o planalto Central, constituído por terrenos cristalinos, bastante desgastados pelos processos erosivos, e por terrenos sedimentares que formam as chapadas e os chapadões.
Destacam-se nesse planalto as chapadas dos Parecis, dos Guimarães, das Mangabeiras e o Espigão Mestre, que divide as águas das bacias do São Francisco e Tocantins.
Na porção sul desse domínio (MS e GO) localiza-se parte do planalto Meridional, com a presença de rochas vulcânicas (basalto) intercaladas por rochas sedimentares, formando as cuestas Maracaju, Caiapó, etc.

Solos
No Domínio do Cerrado predominam os solos pobres e bastante ácidos (pH abaixo de 6,5). São solos altamente lixiviados e laterizados, que, para serem utilizados na agricultura, necessitam de corretivos; utiliza-se normalmente o método da calagem, que é a adição de calcário ao solo, visando à correção do pH.

Ao sul desse domínio (planalto Meridional) aparecem significativas manchas de terra roxa, de grande fertilidade natural (região de Dourados e Campo Grande).

Hidrografia
A densidade hidrográfica é baixa; as elevações do planalto Central (chapadas) funcionam como divisores de águas entre as bacias Amazônica (rios que correm para o norte) e Platina (Paraná e Paraguai que correm para o sul) e do São Francisco.
São rios perenes com regime tropical, isto é, as cheias ocorrem no verão e as vazantes no inverno.

Clima
O principal clima do Cerrado é o tropical semi-úmido; apresenta estações do ano bem definidas, uma bastante chuvosa (verão) e outra seca (inverno); as médias térmicas são elevadas, oscilando entre 20 °C a 28 °C e os índices pluviométricos variam em torno de 1 500 mm.



Verifica-se pelo climograma anterior a estação seca no meio do ano, destacando-se a queda de temperatura.

Vegetação
O Cerrado é a vegetação dominante; apresenta normalmente dois estratos: um arbóreo-arbustivo, com árvores de pequeno porte (pau-santo, lixeira, pequi) e outro herbáceo, de gramíneas e vegetação rasteira com várias espécies de capim (barba-de-bode, flechinha, colonião, gordura, etc.).
Os arbustos possuem os troncos e galhos retorcidos, caule grosso, casca espessa e dura e raízes profundas. O espaçamento entre arbustos e árvores é grande, favorecendo a prática da pecuária extensiva.
Ao longo dos rios, conseqüência da maior umidade do solo, surgem pequenas e alongadas florestas, denominadas Matas Galerias ou Ciliares. Essas formações vegetais são de grande importância para a ecologia local, pois evitam a erosão das margens impedindo o assoreamento dos rios; favorecem ainda a fauna e a vida do rio.
Nos últimos anos, como conseqüências da expansão da agricultura na região, as Matas Galerias e o Cerrado sofrem intenso processo de destruição, afetando o meio ambiente regional.



O DOMÍNIO DAS CAATINGAS

Introdução
Este domínio é marcado pelo clima tropical semi-árido, vegetação de caatinga, relevo erodido, destacando-se o maciço nordestino e a hidrografia intermitente. Marca a região Nordeste do Brasil, representada classicamente pelo mapa abaixo:

A Zona da Mata ou litoral oriental é a sub- região mais industrializada, mais populosa, destacando-se o solo de massapé (calcário e gnaisse), com as tradicionais lavouras comerciais de cana e cacau. O Agreste apresenta pequenas propriedades com policultura visando a abastecer o litoral. O Sertão é marcado pela pecuária em grandes propriedades. Já o Meio-Norte, apresenta grandes propriedades com extrativismo.


Clima
O domínio da caatinga possui clima tropical semi-árido, que se caracteriza pelas temperaturas elevadas, chuvas escassas e irregulares. O período chuvoso no Nordeste “seco” é denominado pelo sertanejo de “inverno”.

Esse pluviograma da região de Cabaceiras, na Paraíba, é o mais representativo do clima semi-árido do Sertão Nordestino. A região apresenta o menor índice pluviométrico do Brasil, com 278 mm de chuvas. Observe o predomínio do tempo seco e a temperatura elevada durante o ano todo.
A baixa e a irregular quantidade de chuvas do domínio da caatinga pode ser explicada pela situação da região em relação à circulação atmosférica (massas de ar), relevo, geologia etc.
Trata-se de uma área de encontro ou ponto final de quatro sistemas atmosféricos: as massas de ar Ec, Ta, Ea e Pa. Quando essas massas de ar atingem a região, já perderam grande parte de sua umidade.



O planalto da Borborema é descontínuo e raramente ultrapassa os 800 m de altitude, sendo assim não é o principal responsável pela imensa mancha semi-árida a sotavento (Sertão).
Algumas regiões do Sertão Nordestino sofrem o processo de desertificação.

A presença de rochas cristalinas (impermeáveis) e solos rasos dificulta a formação do lençol freático em algumas áreas, acentuando o problema da seca.

Um dos mitos ou explicações falsas do subdesenvolvimento nordestino é a afirmação de que as secas constituem a principal causa do atraso socioeconômico dessa região, causando também migração para São Paulo e Rio de Janeiro.



Na realidade, a pobreza regional é muito mais bem explicada pelas causas históricas e sociais.
As arcaicas estruturas socioeconômicas regionais

(estrutura fundiária, predomínio da agricultura tradicional de exportação, governos controlados pelas elites locais, baixos níveis salariais, analfabetismo, baixa produtividade nas atividades econômicas, etc.) explicam muito melhor o subdesenvolvimento nordestino que as causas naturais.
A seca é apenas mais uma agravante, que poderia ser solucionada com o progresso socioeconômico regional.

Hidrografia
A mais importante bacia hidrográfica do Domínio da Caatinga é a do São Francisco. Apesar de percorrer áreas de clima semi-árido, é um rio perene, embora na época das secas possua um nível baixíssimo de águas. É navegável em seu médio curso numa extensão de 1 370 km, no trecho que vai de Juazeiro (BA) a Pirapora (MG). Atualmente essa navegação é de pouca expressão na economia regional, devido à concorrência das rodovias. Rio de planalto, apresenta, sobretudo em seu médio e baixo curso, várias quedas, favorecendo a produção de energia elétrica (usinas de Paulo Afonso, Sobradinho,etc.).
A maior parte de seus afluentes são intermitentes ou temporários, reflexo das condições locais.
Além do São Francisco, existem vários outros rios que drenam a Caatinga: os rios intermitentes da bacia do Nordeste como o Jaguaribe, Acaraú, Apodi, Piranhas, Capibaribe, etc.
Convém lembrar que o rio São Francisco possui três apelidos importantes:
Rio dos Currais: devido ao desenvolvimento da pecuária extensiva no sertão.
Rio da Unidade Nacional: devido ao seu trecho navegável, ligando o Sudeste ao Nordeste, sendo as regiões mais importantes na fase colonial.
Rio Nilo Brasileiro: devido à semelhança com o rio africano, pois nasce numa área úmida (MG – serra da Canastra) e atravessa uma área seca, sendo perene. Além de apresentar o sentido sul-norte e ser exorréico.
Relevo
No domínio das Caatingas predominam depressões interplanálticas, exemplificadas pela Sertaneja e a do São Francisco.
A leste atinge o planalto de Borborema (PE) e a Chapada Diamantina (sul da Bahia). A oeste estende-se até o Espigão Mestre e a Chapada das Mangabeiras. Nos limites setentrionais desse domínio, localizam-se inúmeras serras ou chapadas residuais, como Araripe, Grande, Ibiapaba, Apodi, etc.
O interior do planalto Nordestino é uma área em processo de pediplanação, isto é, a importância das chuvas é pequena (clima semi-árido) nos processos erosivos, predominando o intemperismo físico (variação de temperatura) e ação dos ventos (erosão eólica), que vão aplainando progressivamente o relevo (fragmentação de rochas e de blocos).
É comum no quadro geomorfológico nordestino a presença de inselbergs, que são morros residuais, compostos normalmente por rochas cristalinas.
Os solos do Domínio da Caatinga são, geralmente, pouco profundos devido às escassas chuvas e ao predomínio do intemperismo físico. Apesar disso, apresentam boa quantidade de minerais básicos, fator favorável à prática da agricultura. A limitação da atividade agrícola é representada pelo regime incerto e irregular das chuvas, problema que poderia ser solucionado com a prática de técnicas adequadas de irrigação.


Vegetação
A paisagem arbustiva típica do Sertão Nordestino, que dá o nome a esse domínio geoecológico, é a caatinga (caa = mata; tinga = branco). Possui grande heterogeneidade quanto ao seu aspecto e à sua composição vegetal.
Em algumas áreas, forma-se uma mata rala ou aberta, com muitos arbustos e pequenas árvores, tais como juazeiro, aroeira, baraúna etc. Em outras áreas, o solo apresenta-se quase descoberto, proliferando os vegetais xerófilos, como as cactáceas (mandacaru, facheiro, xique-xique, coroa de frade etc.) e as bromeliáceas (macambira).




É uma vegetação caducifólia, isto é, na época das secas as plantas perdem suas folhas, evitando-se, assim, a evapotranspiração.
Os brejos são as mais importantes áreas agrícolas do Sertão. São áreas de maior umidade, localizadas em encostas de serras ou vales fluviais, isto é, regatos e riachos. As cabeceiras são formadas pelos “olhos-d’água”(minas).

Projetos
A região Nordeste é marcada por projetos, destacando-se os relacionados à irrigação. O mais famoso envolve as cidades vizinhas e separadas pelo rio São Francisco, Petrolina (PE) e Juazeiro (BA). O clima seco e a irrigação controlada favorecem o controle de pragas, e o cultivo de frutas para exportação marca a paisagem, com influência de capital estrangeiro.

O projeto de transposição do rio São Francisco está sendo implantado pelo governo federal. O projeto consiste na captação das água do rio São Francisco para a perenização de alguns rios nos estados do Ceará e do Rio Grande do Norte que fazem parte da bacia do Nordeste (eixo norte), e por meio do eixo leste abastecer vários açudes nos estados de Pernambuco e da Paraíba.
Além da transposição, o governo federal está promovendo, de maneira tímida, a revitalização de algumas áreas da bacia do rio São Francisco.


O DOMÍNIO DOS MARES DE MORRO

Localização
Esse domínio geoecológico localiza-se na porção oriental do País, desde o Nordeste até o Sul. Na região Sudeste, penetra para o interior, abrangendo o centro-sul de Minas Gerais e São Paulo.

Relevo

Mares de Morros


Relevo mamelonar esculpido pelo clima Tropical Úmido em áreas de rochas cristalinas (sul de Minas e Vale do Paraíba).

O aspecto característico do Domínio dos Mares de Morros encontra-se no relevo e nos processos erosivos.
O planalto Atlântico (classificação de Aroldo Azevedo) é a unidade do relevo que mais se destaca; apresenta terrenos cristalinos antigos, datados do pré-cambriano, correspondendo ao Escudo Atlântico. Nesse planalto estão situadas as terras altas do Sudeste, constituindo um conjunto de saliências ou elevações, abrangendo áreas que vão do Espírito Santo a Santa Catarina.
Entre as várias serras regionais como a do Mar, Mantiqueira, Espinhaço, Geral, Caparaó (Pico da Bandeira = 2 890 m), etc.
A erosão, provocada pelo clima tropical úmido, associada a um intemperismo químico significativo sobre os terrenos cristalinos (granito/gnaisse), é um dos fatores responsáveis pela conformação do relevo, com a presença de morros com vertentes arredondadas (morros em Meia Laranja, Pães-de-Açúcar).
http://www.cocemsuacasa.com.br/ebook/images/dot.gifhttp://www.cocemsuacasa.com.br/ebook/images/dot.gifhttp://www.cocemsuacasa.com.br/ebook/images/dot.gif
Entre a serra do Mar e a da Mantiqueira, localiza-se a depressão do rio Paraíba do Sul (vale do Paraíba) formada a partir de uma fossa tectônica.


 Esquema da Fossa Tectônica




Relevo Paulista (Prof. Jurandyr Sanches Ross)
 
1) Rochas vulcânicas: correspondem aos derrames basálticos do mesozóico e que deram origem ao solo denominado terra roxa.
2) Planalto ocidental: constituído por terrenos sedimentares, arenito do paleozóico, delimitado por escarpas – cuestas.
3) Depressão periférica: rochas sedimentares e metamórficas.
4) Planalto oriental: de base cristalina, apresenta superfície ondulada (Mar de Morros) e relevo de forma mamelonar ou “meia laranja”.
5) Planície litorânea: constituída por sedimentos terciário-quaternário.

Solos
Na Zona da Mata Nordestina encontra-se um solo de grande fertilidade, denominado massapé; originou-se da decomposição do granito, gnaisse e, às vezes, do calcário.
No Sudeste, ocorre a presença de um solo argiloso de razoável fertilidade, formado, principalmente, pela decomposição do granito em climas úmidos, denominado salmourão.
É o domínio geoecológico brasileiro mais sujeito aos processos erosivos, conseqüência do relevo acidentado e da ação de clima tropical úmido. O intemperismo químico atinge profundamente as rochas dessa área, formando solos profundos, intensamente trabalhados pela ação das chuvas e enxurradas. É comum a ocorrência de deslizamentos, causados pela destruição da vegetação natural, práticas agrícolas inadequadas, etc.

Hidrografia
As terras altas do Sudeste dividem as águas de várias bacias hidrográficas: bacia do São Francisco, bacia Paranaica (Grande, Tietê, etc.), bacias Secundárias do Leste (Paraíba do Sul, Doce) e Sul.
A maior parte dos rios são planálticos, encachoeirados, com grande número de quedas ou saltos, corredeiras e com elevado poder de erosão. O potencial hidráulico é também elevado, não somente dos rios das bacias Paranaica e São Francisco, mas também de vários rios de maior extensão que correm diretamente para o mar (bacias Secundárias). A serra do Mar representa uma linha de falhas que possibilita, também, a produção energética (exemplo: usinas Henry Borden I e II que aproveitam as águas do sistema Tietê – Pinheiros – Billings).
Esses rios apresentam cheias de verão e vazante de inverno (regime pluvial tropical).

Clima
O Domínio dos Mares de Morros apresenta o predomínio do clima tropical úmido. Na Zona da Mata Nordestina, as chuvas concentram-se no outono e inverno.
Na região Sudeste, devido a maiores altitudes, o clima é o tropical de altitude, com médias térmicas anuais entre 14 °C e 22 °C. As chuvas ocorrem no verão, que é muito quente. No inverno, as médias térmicas são mais baixas, por influência da altitude e da massa de ar Polar Atlântica (mPa).
No litoral, sobretudo no norte de São Paulo, a pluviosidade é elevadíssima, conseqüência da presença da serra do Mar, que barra a umidade vinda do Atlântico (chuvas orográficas ou de relevo). Em Itapanhaú, litoral de São Paulo, foi registrado o maior total anual de chuvas (4 514 mm).

              

Vegetação
A principal paisagem vegetal desse domínio era, originariamente, representada pela mata Atlântica ou floresta latifoliada tropical. Essa formação florestal ocupava as terras desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul, cobrindo as escarpas voltadas para o mar e os planaltos interiores do Sudeste. Apresentava, em muitos trechos, uma vegetação imponente, com árvores de 25 a 30 metros de altura, como perobas, pau-d'alho, figueiras, cedros, jacarandá, jatobá, jequitibá, etc.
Com o processo de ocupação dessas terras brasileiras, essa floresta sofreu grandes devastações. No início, foi a extração do pau-brasil; posteriormente, a agricultura da cana-de-açúcar (Nordeste) e a do café (Sudeste).





O DOMÍNIO DAS ARAUCÁRIAS

Localização
Abrange áreas altas do Centro-Sul do País, sobretudo Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.



Relevo
O Domínio das Araucárias ocupa áreas pertencentes ao Planalto Meridional do Brasil; as altitudes variam entre 800 e 1 300 metros; apresentam terrenos sedimentares (Paleozóico), recobertos, em parte, por lavas vulcânicas (basalto) datadas do Mesozóico.
Além do planalto arenito basáltico, surge a Depressão Periférica e suas cuestas. São relevos salientes, formados pela erosão diferencial, ou seja, ação erosiva sobre rochas de diferentes resistências; apresentam uma vertente inclinada, denominada frente ou front e um reverso suave. Essas frentes de cuestas são chamadas serras: Geral, Botucatu, Esperança, etc.





Solos
Aparecem, nesse domínio, solos de grande fertilidade natural, como a terra roxa a oeste do Paraná, solo de origem vulcânica, de cor vermelha, formado pela decomposição do basalto.
Em vários trechos do Rio Grande do Sul, ocorrem vastas áreas de solo fértil, denominado brunizem (elevado teor de matéria orgânica).
São encontrados ainda, nesse domínio, solos ácidos, pobres em minerais e de baixa fertilidade natural.

Clima
O domínio das araucárias apresenta como clima predominante o subtropical. Ao contrário dos demais climas brasileiros, pode ser classificado como mesotérmico, isto é, temperaturas médias, não muito elevadas.
As chuvas ocorrem durante o ano todo; durante o verão elas são provocadas pela massa de ar Tropical Atlântica (mPa). No inverno, é freqüente a penetração da massa Polar Atlântica (mPa), ocasionando chuvas frontais, precipitações causadas pelo encontro da massa quente (mTa) com a fria (mPa). Os índices pluviométricos são elevados, variando de 1 250 a 2 000 mm anuais.



Forte influência da massa de ar Polar Atlântica principalmente no outono e no inverno, quando é responsável pela formação de geadas, quedas de neve em São Joaquim (SC), Gramado (RS) e São José dos Ausentes (RS), chuvas frontais e redução acentuada de temperatura.
  
Vegetação
O Domínio das Araucárias apresenta o predomínio da floresta aciculifoliada subtropical ou floresta das Araucárias. Originalmente, localizava-se das terras altas de São Paulo até o Rio Grande do Sul, sendo o único exemplo brasileiro de conífera. Também denominada mata dos Pinhais, apresenta as seguintes características gerais:
Os pinheiros apresentam folhas em forma de agulha (aciculifoliadas).
Ocupam principalmente os planaltos meridionais do Brasil.
Não é uma floresta homogênea porque possui manchas de vegetais latifoliados.
É uma formação vegetal menos densa.
Foi intensamente devastada.
Área de colonização européia no século XIX (italianos e alemães).
Araucária angustifólia

Hidrografia
O Domínio das Araucárias é drenado, principalmente, por rios pertencentes às bacias Paranaica e do Uruguai (alto curso).
São rios de planaltos com belíssimas cachoeiras e quedas, o que lhes confere um elevado potencial hidráulico.
Embora o Paraná apresente um regime tropical, com cheias de verão (dezembro a março), a maior parte dos rios desse domínio possui regime subtropical (Uruguai, por exemplo), com duas cheias e duas vazantes anuais, apresentando pequena variação em sua vazão, conseqüência do regime de chuvas, distribuído durante o ano todo.


Características Gerais
Bacias do rio Paraná (parte) e do rio Uruguai (alto curso).
Os afluentes da margem esquerda do rio Paraná se formam nos planaltos e nas serras da porção oriental das regiões Sudeste e Sul; portanto, correm de leste para oeste.
A bacia hidrográfica do Paraná possui o maior potencial hidrelétrico instalado no País.
Hidrovia do Tietê–Paraná.
O rio Uruguai e o rio Iguaçu apresentam um regime subtropical.


O DOMÍNIO DAS PRADARIAS

Introdução
O Domínio das Pradarias, também conhecido como Campanha Gaúcha ou Pampas, abrange vastas áreas (Centro-Sul) do Rio Grande do Sul, constituindo-se em um prolongamento dos campos ou pradarias do Uruguai e Argentina pelo território brasileiro.


http://www.cocemsuacasa.com.br/ebook/images/dot.gif
O centro-sul do Rio Grande do Sul é marcado por baixa densidade demográfica, clima subtropical e por uma economia que apresenta cultivos mecanizados (soja) ou grandes estâncias com pecuária extensiva. O povoamento é de origem ibérica.

Relevo
Este domínio engloba três unidades do relevo brasileiro: planaltos e chapadas da bacia do Paraná (oeste), depressão periférica sul-rio-grandense (centro) e o planalto sul-rio-grandense (leste). Trata-se de um baixo planalto cristalino com altitudes médias entre 200 e 400 metros, onde se destacam conjuntos de colinas onduladas denominadas coxilhas, ou seja, pequenas elevações onduladas. As saliências mais significativas (cristas), de maior altitude, são chamadas regionalmente de cerros.
No litoral do Rio Grande do Sul são comuns as lagoas costeiras (Patos, Mirim e Mangueira), isoladas pelas restingas, as faixas de areia depositada paralelamente ao litoral, graças ao dinamismo oceânico, formando um aterro natural (verifique o mapa abaixo).



Clima
O clima é subtropical com temperatura média anual baixa, devido a vários fatores, destacando-se a latitude e a ocorrência de frentes frias (mPa).
Apresenta considerável amplitude térmica e, no verão, as áreas mais quentes são o Vale do Uruguai e a Campanha Gaúcha, que registram máximas diárias acima de 38°. As chuvas são regulares.



Vegetação
A paisagem vegetal típica é constituída pelos Campos Limpos ou Pampas, onde predominam gramíneas, cuja altura varia de 10 a 50 cm aproximadamente. É a vegetação brasileira (natural) mais favorável à prática da pecuária, tradicional atividade dessa região.
http://www.cocemsuacasa.com.br/ebook/images/dot.gif
Nos vales fluviais, surgem capões de matas (matas de galerias ou ciliares) que quebram a monotonia da paisagem rasteira, formando verdadeiras ilhas de vegetação em meio aos campos.

O Brasil possui uma rica variedade de formações abertas reunidas sob a designação comum de campo. No entanto, existem grandes diferenças ambientais entre as diferentes formações de campos. Essas diferenças são caracterizadas pelo clima, pelo solo e pelo relevo onde ocorrem. A maior extensão de campos naturais encontra-se no Estado do Rio Grande do Sul. São as formações predominantemente herbáceas, com extensos banhados ao redor de lagos e lagunas, na região costeira, e campos naturais de gramíneas no interior, entremeados por matas subtropicais e florestas de araucária.
José Bueno Conti e Sueli Angelo Furlan



Solos
Apresentam boa fertilidade natural.
Formação de areais e campos de dunas no sudoeste do Rio Grande do Sul (Alegrete, Quaraí, Cacequi).
A utilização do conceito de desertificação é considerado inadequado para a região, porque ela não apresenta um clima árido ou semi-árido, como também não existem evidências de que o processo estaria alterando o clima regional, sendo assim o termo mais indicado, segundo a pesquisadora Dirce Suertegaray, é arenização.

O geógrafo José Bueno Conti utiliza o termo desertificação ecológica, que corresponde ao processo interativo entre o homem (uso predatório dos recursos naturais por meio da agricultura e da pecuária) e o meio ambiente (clima úmido – arenito Botucatu).

Hidrografia
Envolve partes das bacias hidrográficas do Uruguai e do Sudeste e Sul. Os rios desse domínio são perenes mas de baixa densidade hidrográfica, com traçados meândricos (curvas), favoráveis à navegação.
Alguns correm para o Leste (bacia Secundária do Sul), desaguando nas lagoas litorâneas como Patos (maior do Brasil), Mangueira e Mirim. Os rios Jacuí (Guaíba) e Camaquã são exemplos. Outros correm em direção ao Oeste (bacia do Uruguai), como os rios Quaraí, Ijuí, etc.


MATERIAL EXTRAÍDO DE APOSTILAS DO CURSO COC VESTIBULARES