"O mundo é formado não apenas pelo que já existe, mas pelo que pode efetivamente existir." Milton Santos - Geógrafo..

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Formação do Relevo Terrestre

A origem da Terra

A história da Terra fundamenta-se no estudo das rochas e dos fósseis e está dividida em eras, períodos, épocas, idades e fases. Essa história envolve aproximadamente 4,6 bilhões de anos, mas o surgimento do homem foi há apenas 2 milhões de anos.

Ocorreram profundas mudanças na Terra, sobretudo em relação ao clima, à vida em geral, à localização dos continentes, entre outros.

Confira as Eras Geológicas:


Há cerca de 4,6 milhões de anos, teriam surgido os planetesimais, isto é, corpos sólidos formados pela agregação de poeira cósmica, com colisões incessantes, geradas pela atração gravitacional, originando planetas, como Vênus, Marte, Mercúrio e a própria Terra. O aumento da massa agregada, no caso específico da Terra, provocou a atração de corpos maiores, como restos de planetas, meteoritos e cometas, ocorrendo aquecimento desse material e, posteriormente, fusão, na qual materiais pesados, como o ferro, migraram para o interior e os mais leves ficaram próximos à superfície, originando as camadas da Terra.

A perda de calor originou as primeiras rochas, ígneas ou magmáticas, por meio da solidificação de minerais, liberando vapores e gases, surgindo a atmosfera. Esse início do nosso planeta teria ocorrido na Era Azóica, e a teoria ficou conhecida por agregação de poeira cósmica.


Composição Interna do Planeta


O núcleo da Terra, com temperaturas que ultrapassam os 5.000 °C, é formado por ferro e níquel (nife) e dividido em uma parte sólida (interna) e uma líquida (externa). O manto ou astenosfera consiste na camada intermediária de constituição pastosa, devido ao magma. A espessura de 4.600 km supera o núcleo (1.700 km). Alguns cientistas consideram como astenosfera apenas a parte superior do manto.

A litosfera é a camada externa e consolidada, com espessura média de 50 km, e dividida em parte superior, com solo e subsolo e elementos como silício e alumínio (SIAL), e parte inferior, com predomínio de silício e magnésio (SIMA).

Percebe-se, pela ilustração, que, entre as grandes camadas citadas, existem transições ou pequenas camadas, as descontinuidades, nas quais a composição e as densidades dos materiais sofrem alterações.

O estudo da composição interna da Terra foi fundamental para desenvolver o conceito do equilíbrio isostático, pelo qual ocorre o equilíbrio dos blocos continentais, flutuando sobre a astenosfera e seguindo uma regra básica: os blocos mais pesados e espessos estão mais “mergulhados” no substrato magmático, contrapondo-se aos blocos leves e finos, que estão menos “mergulhados”. Este conceito corroborou as grandes teorias.
 
Deriva Continental


Teoria desenvolvida pelo meteorologista alemão Alfred Wegener e divulgada no início do século XX, segundo a qual, há cerca de 250 milhões de anos, existia apenas uma única massa continental, isto é, um supercontinente chamado Pangéia, cercado por um oceano imenso, o Pantalassa. A partir da Era Mesozóica, começou a separação, quando a Pangeia se dividiu em duas grandes massas: a Laurásia (América do Norte, Groenlândia, Ásia e Europa) e a Gondwana (América do Sul, Índia, África, Nova Zelândia e a Antártica). Entre as duas massas continentais, formou-se o mar de Tétis (mais tarde transformou-se no mar Mediterrâneo).

A grande prova da teoria era a coincidência entre os contornos litorâneos da África e do Brasil, além das semelhanças envolvendo rochas, fauna e flora. Wegener defendia a tese da deriva, ou seja, as terras emersas teriam flutuado sobre o magma e, por meio deste movimento, ocorreram separações até se chegar à configuração atual. Mas ele não conseguiu explicar detalhadamente esse deslocamento continental.


Tectônica de Placas

Teoria do pesquisador estadunidense Jason Morgan, da década de 1960, pela qual a litosfera é formada por várias placas semi-rígidas que se movem umas em direção às outras. Portanto, essa teoria complementa a Teoria da Deriva, pois explica justamente o ponto fraco de Wegener, ou seja, o deslocamento dos continentes.


Morgan identificou oito placas principais e seis secundárias que, juntas, contêm na parte superior, incrustados nas rochas, os continentes e as bacias oceânicas. A energia que provém do interior da Terra (magma) faz as placas flutuarem sobre a astenosfera, deslocando-se. Este movimento da litosfera provoca distorções ou deformações, originando processos como a orogênese e a epirogênese (descritos nos próximos módulos). Observando o mapa das placas tectônicas, nas áreas de choque de placas (legenda), onde uma placa desloca-se na mesma direção da placa vizinha, surgem as cordilheiras, fato exemplificado na divisa da placa Sul-Americana com a placa de Nazca, onde surgiu a cordilheira dos Andes, na parte ocidental da América do Sul.

Portanto, a tectônica de Placas contribuiu muito para o avanço dos conhecimentos sobre a geologia do planeta, possibilitando aprofundar os estudos sobre os dobramentos modernos (as altas cadeias montanhosas), bem como a dinâmica dos terremotos, além do vulcanismo. Esses temas serão tratados nos próximos módulos.

Vulcanismo
Consiste na expansão de material magmático e gás, na superfície e na atmosfera, provenientes do interior da Terra e que vazam por meio de uma falha ou fissura na litosfera, com temperatura acima de 800 °C. Os vulcões são classificados em ativos, quando entram constantemente em erupção, e em extintos, isto é, quando não sofrem erupções.
 
SIMIELLI, M. E. Geoatlas, 2002

Percebe-se, pelo mapa, a alta incidência de terremotos, maremotos e atividades vulcânicas nos limites entre as placas tectônicas. No caso específico do vulcanismo, a sua ocorrência abrange:

• o interior das placas: são os vulcões isolados, conhecidos por pontos quentes (hot spot), ou seja, o material magmático “fura” a litosfera, chegando à superfície, e origina ilhas;

• falhas: (rifts) são originadas do afastamento de duas placas, e formam ilhas oceânicas;

• áreas de subducção: ocorrem quando uma placa tectônica mergulha sob outra

A sociedade mundial, conforme as condições locais, explora as vantagens das atividades vulcânicas: desde o turismo, com parques naturais ou rochas ornamentais para a construção civil, até a produção de eletricidade, por meio de pressão, calor e vapor dos gêiseres, aproveitados para acionar as turbinas das termelétricas, via tubulações. Esse aproveitamento energético ocorre nos EUA, na Itália, na Nova Zelândia e no Japão, por exemplo.

Na realidade, a grande beneficiada é a agricultura, pois, em áreas que sofrem vulcanismo, a decomposição de rochas magmáticas extrusivas origina solos de alta fertilidade, como a terra roxa no centro-sul do Brasil, proveniente do basalto, e o solo regur na Índia.

Por outro lado, a sociedade localizada próxima aos vulcões, está constantemente ameaçada pelas erupções, que, normalmente, provocam elevada mortalidade, devido a nuvens ardentes, correntes de lavas e lama, rochas incandescentes, avalanche de fogo, explosão de gases e queda de cinzas. Tudo isso provoca uma devastação na vegetação na área, podendo rapidamente destruir uma cidade.








São movimentos naturais da litosfera, propagados por meio de vibrações e registrados por instrumentos conhecidos por sismógrafos. A escala mais adotada é a de RICHTER, que mede a magnitude, ou seja, a energia liberada no foco do sismo. Existem outras escalas, como a de Mercalli ou MSK, que avaliam a intensidade de um sismo em função da violência e mortalidade.





A área de maior ocorrência de sismos é a de subducção, destacando o Círculo do Fogo, no Pacífico, sobretudo no Japão. Em seguida, vêm as áreas de afastamento entre placas, e no interior das próprias placas, mas em ambas a intensidade dos sismos é baixa. O epicentro é o ponto da superfície localizado acima do foco, que corresponde ao lugar da ruptura. No foco ou hipocentro, as tensões acumuladas provocam a ruptura das camadas de rochas.




 

A intensidade depende de vários fatores, desde os tipos de rochas que compõem a área afetada até a distância entre o hipocentro e o epicentro. O resultado pode ser catastrófico, provocando a destruição de cidades. Anualmente, ocorre em média 1 milhão de abalos sísmicos (registrados), mas, aproximadamente, vinte e cinco apresentam alto poder de destruição. Confira os efeitos na cidade de Kobe, no Japão (1995).

Apesar do avanço tecnológico, a sociedade não consegue prever com precisão a ocorrência e a intensidade do terremoto. A previsão baseia-se em alguns prognósticos: mapear as áreas de ocorrências, bem como as áreas de falhas e fraturas; medir as variações elétricas do solo e a variação do nível da água em poços.

Rochas

As rochas são agregados naturais de minerais, ou seja, minerais consolidados. Estes, por sua vez, são compostos químicos ou substâncias simples com composição química definida, exemplificados por mica, quartzo, grafita, diamante, feldspato, entre outros.


Quanto às rochas, a classificação mais usada está relacionada à formação ou origem, com três tipos:

• Magmáticas ou ígneas: são as mais antigas, formadas pelo esfriamento e pela solidificação do magma pastoso. Formam o embasamento rochoso dos continentes, isto é, os escudos cristalinos; são divididas em intrusivas ou plutônicas, extrusivas ou vulcânicas e hipoabissais.

No primeiro caso, formam-se no interior da Terra, por meio de um processo lento, que origina cristais de minerais, por exemplo gabro, sienito, diorito, granito e diabásio.

No segundo caso, a solidificação da lava é rápida, devido à queda da temperatura, não dando tempo para a formação de cristais, exemplificada pelo basalto. No terceiro caso, é aquela camada que se forma entre as plutônicas e as vulcânicas.

• Sedimentares ou estratificadas: resultam de um processo erosivo, ou seja, rochas pré-existentes que sofrerem erosão, causada por agentes como vento, sol e água, originando os sedimentos ou detritos, que serão depositados em camadas nos terrenos mais baixos e, posteriormente, agrupados, surgindo estas rochas. Caso a sedimentação envolva matéria orgânica, originam-se os combustíveis fósseis, como, por exemplo, arenito, calcário, carvão mineral, argila, sal-gema e areia.

• Metamórficas: são resultantes da transformação das rochas sedimentares e magmáticas em virtude do aumento da temperatura e da pressão, alterando a composição química da rocha. Os exemplos clássicos são: a ardósia, que provém da argila (sedimentar), o mármore, que provém do calcário (sedimentar), e o gnaisse, resultante do granito (magmática).

Estrutura Geológica

Para a sociedade, é fundamental estudar a estrutura geológica, uma vez que a ocorrência de recursos minerais, como, por exemplo, combustíveis fósseis, está associada ou atrelada a ela. Esta estrutura corresponde ao conjunto de rochas que compõem o subsolo, sustentando as formas de relevo, ou seja, a estrutura geológica é a parte interna da litosfera, constituída por três conjuntos ou domínios.

Escudos antigos ou cristalinos: também chamados de crátons, correspondem às áreas mais antigas da Terra, com formação pré-cambriana e compostos por rochas cristalinas, como as magmáticas e as metamórficas. Dão origem aos relevos planálticos e algumas depressões, chamadas de plataformas, que correspondem às áreas cratônicas mais baixas, portanto são recobertas por sedimentos. A importância está associada à ocorrência de minerais metálicos, como o ferro e o manganês.

• Bacias sedimentares: datam das Eras Paleozóica, Mesozóica e Cenozóica. São mais recentes que os escudos e formadas pela deposição de sedimentos nas partes mais baixas, originando planícies e planaltos sedimentares. A importância é exemplificada pela ocorrência de carvão (Paleozóica) e petróleo (Mesozóica).

• Dobramentos modernos: são áreas que apresentam as mais altas cadeias montanhosas do planeta, formadas no período terciário da Era Cenozóica, por meio da elevação do terreno, em razão da pressão do interior, ou do encontro de duas placas tectônicas. Os exemplos são: Andes, Rochosas, Alpes, cadeia do Atlas, Himalaia, entre outros.





Pela legenda, temos também os dobramentos antigos, que correspondem às cadeias montanhosas antigas, normalmente do Pré-Cambriano e da Era Paleozóica, exemplificadas, respectivamente, pelas serras do Mar e da Mantiqueira no Brasil, e pelos Alpes Escandinavos, entre Noruega e Suécia. Algu- mas classificações da estrutura geológica incluem os dobramentos antigos junto aos modernos. Ambos são conhecidos por faixas orogênicas.


Agentes Endógenos e Exógenos

O relevo corresponde à parte externa da litosfera e é formado por um conjunto de formas, como as planícies e os planaltos. Resulta da atuação de agentes, que são divididos em internos ou endógenos e externos ou exógenos.


Agentes Internos

Originam-se das pressões que o magma exerce sobre a litosfera, ou seja, atuam do interior para o exterior, sendo conhecidos como “criadores de relevo”, pois fazem surgir formas de relevo. Os principais agentes são: tectonismo, vulcanismo e abalos sísmicos.

Como o vulcanismo e os abalos sísmicos já foram tratados anteriormente, descreveremos o tectonismo, também denominado de diastrofismo, isto é, as distorções que a litosfera sofre em consequência de forças do interior da Terra (magma), por meio de um processo lento e prolongado. Os exemplos são epirogênese e orogênese.

Na epirogênese, as forças do interior são verticais e atuam em rochas de pouca plasticidade e resistentes, sofrendo fraturas que resultam em levantamento, soerguimento e abaixamento, surgindo as falhas.


 

Na orogênese, os movimentos são horizontais, ou seja, as forças são laterais e atuam sobre camadas de rochas mais elásticas, ocorrendo encurvamento da litosfera, surgindo dobras ou dobramentos.




Agentes Externos

São conhecidos por “destruidores ou modeladores de relevo”, pois provocam erosão modificando as paisagens. Os principais agentes são: águas, vento, mar, sol, gelo, seres vivos e o intemperismo. Neste último, o processo pode ser físico e químico. No caso físico, o fator determinante é a variação de temperatura, que provoca dilatação e contração da rocha, fragmentando-a. No caso químico, destaca-se a água, que pode dissolver alguns minerais.


As Formas da Crosta


 

Observando a figura, percebe-se que a litosfera na parte externa é irregular e heterogênea, composta de várias formas de relevo. Nas planícies, os terrenos estão em construção, pois a deposição de sedimentos supera a erosão ou desgaste. São terrenos aplainados no interior e principalmente no litoral.

Quanto às depressões, elas são terrenos baixos em relação às terras que os circundam, podendo ser absolutas, isto é, abaixo do nível do mar, e relativas, ou seja, terras baixas, mas acima do nível do mar. No caso dos planaltos, são terrenos em destruição, pois a erosão supera a sedimentação. São superfícies elevadas, com ondulações e limitadas por escarpas. Podem ser cristalinos e sedimentares. Nos planaltos, ocorrem outras formas, como chapadas, serras, escarpas e morros. Segundo o cientista Jurandyr Ross, planalto “é uma superfície irregular, com altitudes acima de 300 m”.

Quanto às montanhas, sua origem, já estudada, está relacionada a dobras, falhas e vulcanismo, sendo novas e velhas. Quando formam cadeias com considerável extensão, recebem a denominação de cordilheiras.


 

Quanto ao relevo submarino, o destaque é a plataforma continental, que corresponde à continuação do continente em até 200 m de profundidade. É importante para a pesca e a exploração de petróleo. O talude é um declive acentuado, e é o verdadeiro limite entre o continente e o mar. A região pelágica predomina e abrange as principais formas de relevo, enquanto a região abissal é a menos abrangente e apresenta profundidade que ultrapassa 5.000 metros.


Um comentário:

  1. muito obrigada,por me dar uma força,eu tenho prova amanhã...eu sou a primeira a comentar...forever alone!(T-T)

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