"O mundo é formado não apenas pelo que já existe, mas pelo que pode efetivamente existir." Milton Santos - Geógrafo..

terça-feira, 31 de maio de 2011

AQUECIMENTO GLOBAL


O gráfico acima é o resultado dos dados compilados de mais de 1000 estações meteorológicas espalhadas ao redor do planeta, observações da temperatura da água do mar através de satélites e medições em estações de pesquisa na Antártida.
As marcas destacam os anos mais quentes da história. Em 2005 a anomalia ficou 0.62 ºC acima da média. Em 2010 esse valor foi superado, atingindo 0.63 ºC acima da média.
As anomalias foram calculadas a partir da diferença entre a temperatura média mensal e a média da temperatura entre o período entre 1951 e 1980. Esse período de três décadas é a referência para todas as análises apresentadas.
Crédito: Nasa/GIS (Goddard Institute for Space Studies)


O gráfico mostra a anomalia da temperatura global anual no hemisfério Norte, em vermelho e Hemisfério Sul em azul.
As linhas vermelhas e azuis planas representam a anomalia média de temperatura em um período de cinco anos, enquanto as linhas marcadas mostram a anomalia média anual.
Como em outros gráficos, as anomalias foram calculadas a partir da diferença de temperatura mensal e a média da temperatura entre o período entre 1951 e 1980. Esse período de três décadas é a referência para todas as análises apresentadas.
Crédito: Nasa/GIS (Goddard Institute for Space Studies)



Neste gráfico, a linha preta representa a anomalia média da temperatura em mais de 1000 estações meteorológicas. A linha vermelha é o índice Oceano-Superfície, derivado da temperatura registrada nas estações meteorológicas e as medições da temperatura da água do mar obtidas através de satélites.
As linhas vermelhas e azuis planas representam a anomalia média de temperatura em um período de cinco anos, enquanto as linhas marcadas mostram a anomalia média anual.
Como em todos os gráficos apresentados, as anomalias foram calculadas a partir da diferença de temperatura mensal e a média da temperatura entre o período entre 1951 e 1980. Esse período de três décadas é a referência para todas as análises apresentadas.
Crédito: Nasa/GIS (Goddard Institute for Space Studies)



Este gráfico é bastante semelhante ao mostrado na primeira figura, intitulado "Anomalia Global resumida".
A semelhança fica por conta da linha vermelha que mostra a anomalia média de cinco anos, enquanto a diferença é a sobreposição da linha preta, que reflete as variações ocorridas ao longo do ano. Essa linha permite observar o pico das anomalias não mostrados no primeiro gráfico.
As marcas em verde são incertezas causadas pela falta de dados (buracos nas medições) durante um curto espaço de tempo.
Como em todos os gráficos apresentados, as anomalias foram calculadas a partir da diferença de temperatura mensal e a média da temperatura entre o período entre 1951 e 1980. Esse período de três décadas é a referência para todas as análises apresentadas.
Crédito: Nasa/GIS (Goddard Institute for Space Studies)




O gráfico acima mostra o Índice da anomalia Oceano-Superfície. Os valores são computados com dados coletados entre mais de 1000 estações meteorológicas e medições de temperatura da água do mar coletadas por satélites de sensoriamento remoto.
A linha preta apresenta as anomalias médias calculadas no período de 1 ano, enquanto a linha vermelha mostra as anomalias médias em cinco anos.
As marcas em verde são incertezas causadas pela falta de dados (buracos nas medições) durante um curto espaço de tempo.
Como em todos os gráficos apresentados, as anomalias foram calculadas a partir da diferença de temperatura mensal e a média da temperatura entre o período entre 1951 e 1980. Esse período de três décadas é a referência para todas as análises apresentadas.
Crédito: Nasa/GIS (Goddard Institute for Space Studies)




O gráfico acima foi criado com base em medições feitas por mareógrafos ao longo da costa e por altímetros-radares a bordo de satélites de sensoriamento remoto.
As Medições feitas pelos mareógrafos mostraram que o nível global dos oceanos subiu a uma taxa média 1.7 milímetros por ano, ou 1.7 centímetro por década.
Dado coletados por satélite entre 1993 e 2003 indicam que elevação subiu 3.1 milímetros por ano, ou 3.1 centímetro por década.
Crédito: National Climate Data Center / IPCC

Exercícios Resolvidos

Exercícios Resolvidos

01. (PUC-SP) No século XX, muitas dúvidas sobre a estrutura de nosso planeta começaram a ser explicadas de forma convincente e sedutora. Uma das teorias mais importantes que vai nessa direção é a célebre Teoria da Deriva Continental. Verificando que os contornos da América do Sul e da África eram correspondentes, Alfred Wegener, geofísico alemão, admitiu a hipótese de um continente único (Pangeia) no passado, que se teria dividido em duas partes, devido ao movimento de deslocamentos das massas sólidas sobre massas líquidas. Essa hipótese abre caminho para a Teoria das Placas Tectônicas. Assim, juntando-se a Teoria da Deriva Continental à Teoria das Placas Tectônicas, temos o apoio explicativo para um conjunto de fenômenos de nosso planeta.

Assinale a alternativa INCORRETA.

a) A Teoria de Deriva Continental ajuda, em muitos casos, a explicar as semelhanças e as diferenças de espécies animais e vegetais distribuídas nos cinco continentes do planeta.

b) A Teoria das Placas Tectônicas explica a gênese dos dobramentos modernos (Andes, Montanhas Rochosas, Himalaia etc.), que teriam ocorrido a partir do choque dessas placas.

c) Apoiado na Teoria das Placas Tectônicas, o entendimento da dinâmica dos terremotos se torna mais claro, assim como a identificação das áreas mais afeitas a essas ocorrências.

d) A divisão do continente único até a configuração atual modificou a distribuição das superfícies sólidas e líquidas do planeta, resultando em mudanças climáticas ao longo do tempo.

e) Os processos erosivos que esculpem os relevos, dando-lhes as formas conhecidas no interior dos continentes, são explicados, fundamentalmente, pela Teoria das Placas Tectônicas.

Resposta: E
Os processos erosivos são agentes externos modeladores do relevo, ou seja, ocorrem na superfície da Terra, pela ação dos ventos ou das águas, por exemplo, e não se relacionam com o tectonismo, que é um agente interno formador do relevo, pois resulta do movimento das placas terrestres.

02. (Fuvest-SP) As massas continentais que conhecemos não são fixas, mas se separam, se chocam, abrem fendas e levantam montanhas. Com base na Teoria da Deriva dos Continentes, aperfeiçoada pela Teoria da Tectônica de Placas, é possível admitir que:

a) o material magmático que sobe para a crosta terrestre vem impedindo que o “Chifre da África” se separe do restante do continente africano.

b) os continentes, massas flutuantes sobre um mar de magma, tendem a se agrupar em um único megabloco, denominado Pangeia.

c) o “anel de fogo” do Pacífico sofrerá os efeitos do terremoto Big One, exceto a Califórnia, situada na borda da placa Norte-Americana, onde a energia acumulada é menor.

d) a África e a América do Sul estão se distanciando, com o alargamento do oceano Atlântico e o deslocamento da placa Sul-Americana em direção à de Nazca.

e) o surgimento dos Apalaches e das fossas do Pacífico resultou do choque entre as placas Americana e Asiática no período Terciário da era atual.

Resposta: D
Observando o mapa de placas tectônicas, notamos que a África e a América do Sul (Brasil) estão se distanciando.

03. (UFPR) Apresente evidências de que a crosta terrestre se movimenta, provocando mudanças na posição dos continentes e modificando o relevo da Terra.
Resposta
As áreas de instabilidade geológica sujeitas a terremotos e vulcanismo são exemplos de que a litosfera movimenta-se, fato comprovado pela Teoria das Placas Tectônicas.

04. (PUC-MG – Modificado) A litosfera é segmentada ou dividida em placas rígidas, que flutuam sobre o manto e movem-se lentamente em várias direções, aproximando-se ou afastando-se uma das outras ou, ainda, deslizando lateralmente, uma ao longo da outra. Dessa forma, provocam movimentos naturais na litosfera, dando origem aos abalos sísmicos, cujas causas podem ser divididas em três tipos básicos. Identifique-os.

Resposta
Na categoria dos movimentos tectônicos, aparecem os abalos sísmicos, cujas causas podem ser divididas em três tipos básicos:
a) Causas tectônicas: provocam os abalos sísmicos de maior violência. Quando ocorrem movimentos tectônicos nas profundezas da Terra, as placas tectônicas chocam-se, atritam-se ou afastam-se, podendo causar movimentos de liberação de potentes ondas de energia que fazem oscilar e ondular a superfície terrestre de maneira súbita, provocando rápida e devastadora ação no relevo externo e em tudo o que há sobre ele.
b) Causas por desmoronamentos: ocorrem no interior da crosta, como forma de acomodação. É o tipo de tremor que aparece no território brasileiro e, geralmente, é local e de baixa intensidade.
c) Causas vulcânicas: são explosões internas ou acomodações nos vazios que se formam com a expulsão do magma para a superfície. Normalmente são terremotos de pequena intensidade.

05. Quais são os tipos de rochas quanto à origem? Explique-os. Resposta
Magmáticas, sedimentares e metamórficas.
• Na primeira, a origem está relacionada ao resfriamento e à solidificação do magma pastoso.
• Na segunda, a origem está relacionada à erosão de rochas pré-existentes, originando os sedimentos e detritos, que serão depositados em camadas e, posteriormente, agrupados, surgindo estas rochas.
• Na terceira, a origem relaciona-se à transformação de rochas sedimentares e magmáticas em virtude do aumento da temperatura e da pressão, alterando a composição química da rocha.

06. (UFPI-PI) Sobre a origem e formação das rochas ígneas, é verdadeiro afirmar que:

a) se formam em camadas dispostas horizontalmente, com permeabilidade e porosidade bastante elevadas.

b) se formam em decorrência de deposições de origem hídrica, a exemplo do calcário e do arenito.

c) se originam da transformação do magma devido às altas temperaturas, destacando-se, entre elas, o carvão mineral e o argilito.

d) têm sua origem vinculada ao intemperismo químico e ao acúmulo de sedimentos nos fundos dos vales.

e) resultam da solidificação do magma, podendo ser intrusivas (granito) ou extrusivas (basalto).

Resposta: E
São produzidas pelo resfriamento do material ígneo (lavas). As rochas ígneas, conforme a posição em que se deu o resfriamento podem ser classificadas, de modo geral, em intrusivas, extrusivas e hipoabissais.

07. (Fatec-SP) Os terrenos cristalinos são constituídos por rochas:

a) sedimentares e metamórficas recentes.

b) ígneas ou magmáticas e sedimentares antigas.

c) ígneas ou magmáticas e metamórficas, de idades geológicas antigas.

d) metamórficas e sedimentares antigas.

e) estratificadas ou sedimentares e metamórficas, de idades geológicas recentes.

Resposta: C
Os escudos cristalinos correspondem às áreas mais antigas do planeta, sendo constituídos por rochas ígneas ou magmáticas e metamórficas, de idades geológicas antigas.

08.(Vunesp-SP) No processo de esculturação do relevo terrestre, atuam agentes endógenos ou internos (vulcanismo, tectonismo e abalos sísmicos) e exógenos ou externos (intemperismo físico e/ou químico, águas correntes, vento, mar, gelo, seres vivos etc.). A partir dessas informações, assinale a alternativa correta.

a) O tectonismo, agente endógeno, manifesta-se de duas formas: epirogênese e orogênese.

b) Abalos sísmicos correspondem a movimentos de massa.

c) O intemperismo químico, como todo agente exógeno, ocasiona a desintegração das rochas.

d) As enxurradas e os rios, embora frequentes na natureza, não se configuram como agentes inportantes na esculturação do relevo.

e) O vulcanismo é o único agente endógeno responsável pela formação das cadeias montanhosas jovens do planeta.

Resposta: A
O tectonismo corresponde ao movimento das grandes placas sobre as quais estão os continentes.

09. (Vunesp-SP) As planícies estão situadas em altitudes as mais diversas, desde o nível do mar até em locais de elevadas montanhas e planaltos, a 4.000 ou mais metros de altitude. Por estarem em posição mais baixa que as áreas vizinhas, as planícies estão submetidas:

a) ao predomínio dos processos deposicionais.

b) ao predomínio dos processos de erosão.

c) às regressões marinhas.

d) aos ventos alíseos.

e) à presença dos campos e pradarias.

Resposta: A
As planícies são áreas resultantes de processos de acumulação de sedimentos, aparecendo, portanto, em regiões normalmente mais baixas que as áreas vizinhas. Observa-se na crosta terrestre uma série de agentes modeladores do relevo, que, de um lado, promovem desgaste das partes mais altas (planaltos) e, de outro, acumulação nas partes mais baixas (planícies).


domingo, 29 de maio de 2011

Florestan Fernandes - Evocações na Contramão


Na Praça da Sé, um repentista canta, em forma de cordel, a vida de Florestan Fernandes, importante sociólogo brasileiro. O repente abre caminho para os depoimentos dos companheiros de cátedra, de gabinete e de militância de Florestan. Contam de suas idéias, sua visão crítica sobre o Brasil, seus ideais e decepções durante a vida pública. Imagens que marcaram a vida de Florestan: o senado, a universidade, a família. O cordel revela o ponto de vista do povo sobre a história recente do Brasil, com suas lutas e desafios, que como Florestan, insistia em lutar contra as correntes.

Documentário realizado como Projeto de Conclusão de Curso na UFSCar, Bacharelado em Imagem e Som.
(mini-DV, 25 min, 2002)

Vale a pena assistir.

Conheça o Saara Ocidental

O país tem hoje grande parte de seu território ocupado pelo Marrocos. Além disso, cerca de 170 mil saarauis vivem em campos de refugiados na Argélia

Localização: o Saara Ocidental está localizado na África Setentrional. O país faz fronteira ao norte com o Marrocos, a leste com a Argélia, a leste e sul com a Mauritânia e a oeste é banhado pelo Oceano Atlântico.

Histórico: O reino espanhol foi o colonizador do Saara Ocidental por nove décadas. Em 1976, quando a Espanha anunciou sua retirada do território saaraui, o rei marroquino Hassan II ordenou o deslocamento de 350 mil soldados ao país. Apesar da resistência da população saaraui, grande parte de seu território foi ocupado pelo Marrocos.
Liderados pela Frente Polisário (Frente Popular de Libertação de Saguia el Hamra e Río del Oro), os saarauis conseguiram defender parte de seu território. No entanto, muitos saarauis, fugindo da guerra contra o Marrocos, abrigaram-se na Argélia. A população exilada no deserto argelino dividiu-se basicamente em cinco acampamentos: Smara, Layounne, Auserd, 27 de Febrero e Dakhla.
Em 1976, a Frente Polisário proclamou a República Árabe Saaraui Democrática (Rasd), que atualmente é reconhecida por 82 países e membro da União Africana.

Capital: El Aaiún.

População: 513 mil (segundo estimativas da ONU, em 2009)

Língua: árabe, hassanya (variação do árabe introduzida pelas antigas tribos beduínas da Mauritânia e do Saara Ocidental) e o castelhano.

Território total: 286.000 km²

Características geográficas: o país está localizado em uma região árida e quase desértica, situada junto à costa noroeste de África, constituída por desertos pedregosos em certas áreas e arenosos em outras. Integra o Deserto do Saara. Há oásis dispersos e pequenas manchas de pastagem pobre. Possui uma das maiores reservas pesqueiras do mundo e as maiores jazidas de fosfatos do mundo, além de jazidas de cobre, urânio e ferro.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Novo Código Florestal: Entenda o que está em jogo




O coletivo de organizações não-governamentais ambientalistas SOS Florestas lançou esta semana em janeiro - 2011 a cartilha Código Florestal: Entenda o que está em jogo com a reforma de nossa legislação ambiental. A publicação busca explicar, com argumentos técnicos, científicos e históricos, as principais consequências das mudanças propostas pelos deputados ruralistas ao Código Florestal. Clique AQUI

segunda-feira, 16 de maio de 2011

EUROPA

Entenda a crise na Europa

(Texto complementar 9º ano EFII)

Governos de Portugal, Itália, Grécia, Irlanda e Espanha estão endividados

A crise financeira mundial que teve início nos Estados Unidos e atingiu o auge em setembro de 2008 agravou os problemas financeiros de alguns países da Europa como Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha.
 
Com o objetivo de diminuir os impactos da crise sobre suas economias, esses países ajudaram os setores mais críticos com pacotes bilionários, que evitariam perdas de empregos e atenuariam os efeitos negativos das turbulências no setor financeiro. Com tantos pacotes de ajuda, a arrecadação destes governos diminuiu e eles ficaram mais endividados.
 
O caso da Grécia é o mais complicado, porque o país já vinha apresentando, antes da crise financeira mundial, problemas fiscais e alto endividamento público. A dívida grega é maior do que o próprio PIB (Produto Interno Bruto, a soma de tudo que uma nação produz) do país. É a mesma situação que enfrenta um cidadão comum que já gastou todo o salário e recorre a todos os limites de cartão de crédito e de cheque especial: ele fica sem ter de onde tirar recursos para quitar todas as suas dívidas.

Em 2009, segundo estimativas, o país grego acumulou uma dívida de aproximadamente R$ 700 bilhões (300 bilhões de euros). Ou seja, fechou o ano devendo mais do que gerou de riquezas – no ano passado o PIB grego chegou a cerca de R$ 600 bilhões (255,3 bilhões de euros), segundo dados do CIA World Factbook (compilação de dados feita pela Agência Central de Inteligência dos EUA). A dívida pública de um país é composta pelos empréstimos tomados pelo governo que ainda precisam ser pagos.

Com a crise que abalou a economia mundial, o país passou a enfrentar problemas para arrecadar impostos, uma vez que empresas começaram a quebrar, o desemprego aumentou e o consumo caiu. Com isso o chamado déficit (quando mais dinheiro sai do que entra) no Orçamento do país cresceu, e a capacidade de pagar seus credores ficou comprometida. 

Países como Espanha, Portugal, Irlanda e Itália também estão com endividamento alto, bem acima do limite imposto pela União Europeia, e têm dificuldade de tirar as contas do vermelho.

Além disso, pelas regras da União Europeia, as contas públicas dos países do bloco não podem ter um saldo negativo superior a 3% do PIB (Produto Interno Bruto, a soma de todas as riquezas produzidas por uma nação). Mas vários países ultrapassaram esse limite.
Na Grécia, o rombo na conta do governo chegou a equivaler a 13,9% do PIB em 2009, segundo a agência europeia de estatísticas (Eurostat). Para que a economia do país não quebrasse, levando consigo o euro, a União Europeia teve de aprovar um pacote de socorro ao país, financiado, sobretudo, pela Alemanha. 
 
Para evitar um aprofundamento ainda maior das dívidas, os governos desses países estão anunciando pacotes de austeridades, o que inclui aumento de impostos e reduções de salários, medidas que têm gerado insatisfação popular e protestos.

Em maio, o Parlamento grego anunciou cortes no Orçamento de R$ 68,40 bilhões (30 bilhões de euros) em três anos. A Itália foi outro país que também anunciou um plano de austeridade, no valor de R$ 54,9 bilhões (24 bilhões de euros), para os próximos dois anos. Portugal e Espanha também adotaram, quase que simultaneamente, pacotes com cortes no Orçamento e nas despesas. Os portugueses vão economizar R$ 4,523 bilhões (2 bilhões de euros) este ano, enquanto os espanhóis anunciaram uma economia de R$ 34 bilhões (em torno de 15 bilhões de euros) em 2010 e 2011.
 
Para amenizar os possíveis desdobramentos da crise e contágio para outras nações do bloco, os países da União Europeia e o FMI aprovaram um pacote de socorro no valor de R$ 1,75 trilhão (750 bilhões de euro).

http://noticias.r7.com/economia/noticias/entenda-a-crise-na-europa-20100526.html

Vale a pena ser sede da Copa 2014?

(Texto complementar 9º ano EFII)

Do ponto de vista econômico, tudo indica que não. Segundo os cálculos preliminares da CBF, o Brasil vai precisar gastar R$ 11 bilhões para se preparar para a Copa de 2014

Tomando por base só essa despesa, sediar o torneio parece uma fria - afinal, daria para turbinar áreas como saúde, habitação e educação (e ainda movimentar a economia) se não fosse preciso gastar uma grana modernizando estádios, por exemplo.

Mas é preciso considerar outros itens para medir o retorno de uma Copa, como o gasto dos turistas. Pelas contas do governo, a Copa deve atrair 500 mil estrangeiros, que gastariam até R$ 3 bilhões. Além disso, se a competição gerar tantos postos de trabalho quanto a Alemanha gerou em 2006 (25 mil novas vagas), dá para computar mais R$ 500 milhões em investimentos, já que o custo médio por novo emprego está na casa dos R$ 20 mil. Há ainda quem identifique uma expansão da economia dos países sede.
Mas isso não é consenso. "Crescimento econômico é algo difícil de prever com tanta antecedência. No fim das contas, a alta do PIB pode ficar próximo de zero", afirma o economista Fábio Sá Earp, da UFRJ. A esperança são os benefícios de longo prazo, mais difíceis de medir. Um estádio novo, por exemplo, pode gerar um círculo virtuoso no bairro, bombando o comércio e elevando a arrecadação para fazer mais obras. Sem contar que o torneio pode aumentar o fluxo turístico e melhorar a imagem do país. Se tudo isso acontecer, aí, sim, quem sabe em algumas décadas a gente poderá dizer que sediar uma Copa é um bom negócio.

BOLA DIVIDIDA
Abaixo, apresentamos a estimativa de gastos para o torneio feita em 2008.

R$ 8,5 bi
ONDE Infra-estrutura.
QUEM GASTA Governo.
Grana para a infra-estrutura das cidades-sede. Segundo a Fifa, 4 candidatas precisam aumentar seu aeroporto e 6 não têm transporte público estruturado para receber adequadamente os jogos.

R$ 2 bi
ONDE Reforma e construção de estádios.
QUEM GASTA Iniciativa privada.
A aposta é que os governos locais busquem capital privado para fazer decolar os projetos. Em troca, os empresários teriam o direito de administrar os estádios por no mínimo 20 anos, para, em tese, obter lucro.

R$ 700 mi
ONDE Instalações oficiais.
QUEM GASTA Fifa.
Este é o único dinheiro garantido. A Fifa afirma que ela mesma vai bancar a construção de estruturas de apoio para os jogos, da sede do comitê organizador, dos centros de mídia e das centrais de segurança.

Aqui, imaginamos um plano alternativo para aplicar a grana.

R$ 2,1 bi
ONDE Expansão do saneamento.
PARA Levar água tratada a 2,2 milhões de casas e coleta de lixo a 2,1 milhões - cerca de 20% do déficit de saneamento.

R$ 2,8 bi
ONDE Crédito para casas populares.
PARA Financiar a construção ou compra de 480 mil casas populares - 6% do déficit habitacional.

R$ 2,8 bi
ONDE Universalização da eletricidade.
PARA Levar luz a 1,6 milhão de pessoas no campo - 13% da população sem acesso à energia.

R$ 1,4 bi
ONDE Combate ao analfabetismo.
PARA Ensinar 600 mil jovens e adultos a ler e escrever - o que representa 4% a menos de analfabetos no país.

R$ 1,4 bi
ONDE Bolsa Família.
PARA Custear o programa por um ano para 1,8 milhão de famílias, que receberiam um auxílio mensal de R$ 62.

R$ 700 mi
ONDE Saúde da Família.
PARA Levar o programa Saúde da Família a mais 2 milhões de pessoas - superaria a população de Curitiba ou Recife.

*Fontes: Orçamento Copa 2014 (conversão a partir do valor estimado em dólares), CBF, Fifa. Orçamento alternativo: números recentes dos ministérios do governo federal, IBGE, site Contas Abertas, Agência Brasil, FGV.

 

TCU revela que orçamento da Copa de 2014 terá 98,5% de verbas públicas

Dois anos depois que o presidente do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo de 2014, Ricardo Teixeira, declarou que a maioria dos gastos da organização do evento seriam da iniciativa privada, o Tribunal de Contas da União publicou um estudo que revela exatamente o contrário.
Como publicou a Folha de S. Paulo deste domingo, o TCU apontou que 98,5% dos R$ 23 bilhões previstos para serem gastos nas obras da Copa de 2014 sairão dos cofres públicos. A maior parte virá de Caixa, BNDES e da Infraero.
Só essas três estatais vão investir, juntas, cerca de R$ 16,5 bilhões, sendo R$ 6,6 bi da Caixa, R$ 4,8 bi do BDNES e R$ 5,1 bi para serem investidos nos aeroportos pela Infreaero. Completam a conta os estados, municípios e portos.
Segundo o estudo do TCU, apenas R$ 336 milhões do orçamento da Copa de 2014 virá da iniciativa privada, o equivalente a 1,44% do total. O detalhe é que essa verba não será desembolsada por nenhuma empresa, mas sim pelos clubes que estão investindo em reforma e construção de estádios: Internacional, Atlético-PR e Corinthians.


 

 

sexta-feira, 13 de maio de 2011

DIREITOS HUMANOS NO BRASIL


Anistia Internacional denuncia Brasil marcado por desigualdades e violência

 (Texto complementar - 8º ano EFII)

Relatório da entidade de direitos humanos ressalta o alto índice de mortes cometidas por policiais e a forte atuação das milícias nas grandes cidades brasileiras: velhos problemas não resolvidos.

Os altos índices de violência, a atuação das milícias policiais e as péssimas condições nos presídios são os principais alvos das críticas ao Brasil, feitas pela Anistia Internacional, em seu relatório anual sobre direitos humanos divulgado nesta sexta-feira (13/05).
Segundo a Organização Não-Governamental, a violência causada tanto por criminosos quanto por policiais continuam representando "o maior problema das grandes cidades brasileiras". As comunidades mais carentes, especialmente os moradores das favelas, continuam sendo as principais vítimas do descaso das autoridades, sobretudo no que se refere ao direito à moradia e acesso a serviços básicos.
O relatório destaca ainda que no último ano do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva o Brasil registrou crescimento econômico, estabilidade política e uma boa posição no campo internacional. No entanto, ressalta o balanço, a "enorme desigualdade" ainda persiste, apesar dos progressos obtidos na luta contra a pobreza.

Violência policial
Os dados divulgados pela Anistia Internacional referem-se ao ano passado e revelam que, de janeiro a dezembro, a polícia brasileira matou 855 pessoas em situações descritas como "resistência ao poder estatal". Os chamados "esquadrões de morte", formados por policiais e autoridades de segurança fora de serviço, permaneceram ativos em várias cidades.
Enquanto em alguns estados brasileiros o número total de homicídios chegou a cair, o índice de violência envolvendo polícia e gangues aumentou. A ONG cita que mais de 50 pessoas foram mortas em apenas uma semana durante ações policiais desencadeadas a partir de novembro, em retaliação a bandidos que atacaram delegacias e chegaram a queimar 150 veículos no Rio de Janeiro.

A entrada de aproximadamente 2,6 mil policiais, com apoio do Exército e até da Marinha brasileiras, no Complexo do Alemão para a instalação de uma Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) também é destaque no relatório. Até então, diz o documento, "o local era disputado pelos maiores grupos de traficantes rivais". Ainda de acordo com a Anistia Internacional, as UPPs – em funcionamento desde 2008 – ajudaram a reduzir a violência nos locais onde foram instaladas.

Torturas nas prisões
Cadeias apertadas, presos depositados em espaços sem as mínimas condições higiênicas, sob condições desumanas – assim a Anistia descreve os sistema carcerário brasileiro.
"As autoridades perderam o controle sobre muitas instituições, o que levou a vários motins e homicídios", completa. Entre os exemplos citados no relatório está o assassinato de 18 presos em duas rebeliões ocorridas no Maranhão entre gangues rivais – sendo que quatro foram decapitados.
 UPPs ajudaram a reduzir a violência onde foram instaladas

Segundo a ONG, a tortura em prisões, em celas de delegacias e em centros de detenções de menores aumentou bastante no ano passado. No final do ano, porém, a Casa Civil teria ficado de analisar uma proposta de lei para introduzir medidas preventivas contra a tortura, seguindo um protocolo estabelecido por uma Convenção das Nações Unidas e ratificado pelo Brasil em 2007.

Catástrofes e falta de moradia
O direito à moradia também vem sendo fortemente infringido no Brasil, revelou o levantamento da Anistia Internacional. Alagamentos em São Paulo, Rio de Janeiro, Alagoas e Pernambuco levaram a centenas de mortes na primeira metade do ano passado, e pelo menos 10 mil pessoas ficaram desabrigadas.
A entidade denuncia o descaso das autoridades com os moradores do Morro do Bumba, no Rio de Janeiro, que veio abaixo após fortes chuvas na cidade, matando mais de 100 pessoas. A favela havia sido erguida sobre uma montanha de lixo e oferecia sérios riscos aos moradores, devido à contaminação tóxica e à instabilidade do solo, detalhados em um estudo da Universidade Federal Fluminense de 2004.
 Vítimas de alagamentos permanecem meses em abrigos
Nada, porém, foi feito no sentido de reduzir os riscos ou transferir a comunidade de local. Para piorar a situação, até o final do ano passado os flagelados continuavam em abrigos provisórios instalados em antigos quartéis militares, em péssimas condições, aguardando alguma solução por parte do governo do estado.
Algumas comunidades também revelaram à entidade estarem sendo ameaçadas de despejo, devido às obras relativas à infraestrutura necessária para a Copa de 2014 e às Olimpíadas de 2016.

Impunidades
A Anistia ressalta que, no ano passado, índios brasileiros que lutam pelos direitos estabelecidos em lei foram vítimas de discriminação, intimidação e violência. Caso mais emblemático é a briga pelo reconhecimento dos direitos da comunidade Guarani Kaiowá pelo direito à terra no Mato Grosso do Sul. Os índios vêm sendo frequentemente ameaçados e atacados por seguranças armados, contratados pelos fazendeiros da região.
As condições de trabalho no Brasil, de maneira geral, são más, segundo o relatório. Trabalhadores rurais, especialmente na pecuária e nas plantações de cana-de-açúcar, são os que mais têm seus diretos violados. A Anistia também critica neste ponto a demora do Congresso brasileiro em votar importantes mudanças na Constituição, sugeridas em 1999 para melhorar as condições dos trabalhadores.
 Índios que lutam por seus diretos são vítimas de violência

A entidade aponta dificuldades no Brasil na defesa dos direitos humanos e em superar a impunidade no país. "Na América Latina, o Brasil continua em último lugar no que diz respeito a uma elaboração adequada das graves violações dos direitos humanos cometidas durante o regime militar", aponta o relatório, ressaltando que muitos responsáveis por torturas, estupros e desaparecimentos durante os anos de chumbo (1964-85) até hoje não foram devidamente punidos.


terça-feira, 10 de maio de 2011

Brasil tem 16,2 milhões de pessoas em extrema pobreza, o equivalente à população do Rio

 

Nos preparativos para o plano nacional de combate à miséria, o governo detectou pelo menos 16,2 milhões de pessoas vivendo hoje em condições extremas de pobreza, o equivalente à população do Estado do Rio de Janeiro, o terceiro mais populoso do Brasil. A informação foi dada nesta terça-feira (3), quando o Ministério do Desenvolvimento Social estabeleceu o valor de R$ 70 per capita ao mês como referência para definir quem são os brasileiros mais carentes.
Por essa medida, a região Nordeste é a que conta com mais pessoas em extrema pobreza. São 18,1% da população, em comparação com os 8,5% nacionais. Em seguida aparecem o Norte (16,8), Centro-Oeste (4), Sudeste (3,4) e Sul (2,6).
Os números, baseados em dados do Censo 2010, ajudarão a formular o plano Brasil Sem Miséria, uma das principais bandeiras eleitorais da presidente Dilma Rousseff. Eles indicaram que 8,5% da população nacional contam com renda mensal até R$ 70 – quantia próxima a indicadores internacionais para aferir pobreza extrema, de acordo com a ministra Tereza Campello. Ela afirmou que essa população tem difícil acesso a serviços públicos apesar de ser foco de ações governamentais.
“Essa é a população mais vulnerável e, mesmo assim, os serviços públicos não estão chegando. Queremos que os serviços que já existem sirvam a essa população”, disse Campello, ao lado dos presidentes do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Márcio Pochmann, e do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Eduardo Nunes. “Pretendemos ir a essa população, não fazer um chamamento e dizer que os equipamentos do Estado estão lá.”
Conforme a linha de extrema pobreza anunciada nesta terça-feira, entre cada dez brasileiros um vive nas piores condições, incluindo aí beneficiários do programa Bolsa Família. O presidente do IPEA afirmou que essa informação ajudará a separar níveis de falta de recurso e focar melhor as políticas. “Não tínhamos na área social uma linha que estabelecesse parâmetros nem tínhamos metas para a área social. Essa linha de R$ 70 define”, disse.
Os dados obtidos pelo Censo, feito em meados do ano passado, são preliminares e podem ser ajustados mais adiante. A ministra do Desenvolvimento Social disse ainda que o valor de R$ 70 deve revisto no futuro de acordo com um índice ainda a ser definido.

Meta para 2016

O Ipea já divulgou estudos com previsão de fim da pobreza extrema no Brasil até 2016. Em seu discurso de posse, Dilma afirmou que acabar com a miséria será o foco de sua gestão, até 2014. O principal plano da área social do governo, a ser anunciado nos próximos dias, visará universalizar o acesso a programas de transferência de renda, ampliar e melhorar serviços públicos e capacitar mão-de-obra, com investimentos em saúde e educação.
De acordo com a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio), que nos próximos anos ajudará a ajustar os números da linha de pobreza extrema, com renda de até meio salário mínimo por mês, quase 25 milhões de brasileiros deixaram as condições mais carentes entre 1995 e 2008. 

Maioria dos miseráveis brasileiros é jovem, negra e nordestina

A maioria dos brasileiros que vivem em situação de extrema pobreza é negra ou parda, jovem e vive na Região Nordeste. É o que mostra um levantamento feito pelo governo federal, com base em dados preliminares do Censo Demográfico de 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Nessa situação de miséria encontram-se 16,2 milhões brasileiros, o equivalente a 8,5 % da população do país. Desse total, 70,8% são pardos ou pretos e 50,9% têm, no máximo, 19 anos de idade.
O mapa revela que 46,7% dos extremamente pobres vivem no campo, que responde por apenas 15,6% da população brasileira. De cada quatro moradores da zona rural, um encontra-se na miséria. As cidades, onde moram 84,4% da população total, concentram 53,3% dos miseráveis.
Na Região Nordeste estão quase 60% dos extremamente pobres (9,61 milhões de pessoas). Em seguida, vem o Sudeste, com 2,7 milhões. O Norte tem 2,65 milhões de miseráveis, enquanto o Sul  registra 715 mil. O Centro-Oeste contabiliza 557 mil pessoas em situação de extrema pobreza.
Quanto ao sexo, a miséria atinge mulheres e homens da mesma forma: 50,5% contra 49,5% respectivamente. No entanto, na área urbana, a presença de mulheres que vivem em condições extremas de pobreza é maior, enquanto os homens são maioria no campo.
A análise dos dados revela também que, além da renda baixa, a parcela da população em extrema pobreza não tem acesso à serviços públicos, como água encanada, coleta de esgoto e energia elétrica. Estima-se, por exemplo, que mais de 300 mil casas não estão ligadas à rede de energia elétrica.
“Quanto menor é a renda das pessoas, maior é a proporção de pessoas que não têm acesso ao abastecimento de água potável. Quanto menor a renda, maior a proporção da população que não tem banheiro exclusivo no domicilio. Na área rural a situação é mais recorrente”, afirmou o presidente do IBGE, Eduardo Nunes.

Hoje, dos 16,2 milhões de extremamente pobres, 4,8 milhões de brasileiros não têm rendimento. O restante (11,4 milhões) tem renda que varia de R$ 1 a R$ 70.

MAPA DA POBREZA

Maranhão concentra mais miseráveis; SC é o estado que tem menos

O Maranhão é o Estado que tem proporcionalmente a maior concentração de pessoas em condições extremas de pobreza. Da população de 6,5 milhões de habitantes, 1,7 milhão está abaixo da linha de miséria (ganham até R$ 70 por mês). Isso representa 25,7% dos habitantes -mais que o triplo da média do país, que é de 8,5%. Os dados foram divulgados nesta terça-feira pelo IBGE.

O conceito de miséria foi estabelecido oficialmente na semana passada pelo governo federal, que resolveu considerar em estado de pobreza extrema quem ganha até R$ 70 por mês.

O segundo pior Estado é o Piauí, com 21,3% dos moradores ganhando até R$ 70 mensais. Em terceiro, vem Alagoas, com 20,3%.

Na outra ponta, o Estado com menor nível de miseráveis é Santa Catarina. De seus 6,2 milhões de habitantes, 103 mil estão na linha da pobreza extrema, o que representa 1,6% da população.
Em segundo lugar, vem o Distrito Federal, com 1,8% de miseráveis. São Paulo está em terceiro, com 2,6%. O Rio de Janeiro tem um índice de 3,7% de pessoas vivendo com até R$ 70 por mês.

País tem 16,2 milhões vivendo com menos de R$ 70

O Brasil tem 16,2 milhões de pessoas vivendo em condições extremas de pobreza. Isso representa 8,5% dos 191 milhões de habitantes do país. Na terça-feira da semana passada, o Ministério do Desenvolvimento Social estabeleceu o valor de R$ 70 per capita ao mês como referência para definir quem são os brasileiros mais carentes.

Por essa medida, a região Nordeste é a que conta com mais pessoas em extrema pobreza. São 18,1% da população, em comparação com os 8,5% nacionais. Em seguida aparecem o Norte (16,8), Centro-Oeste (4), Sudeste (3,4) e Sul (2,6).

A POBREZA EXTREMA NO BRASIL

População que recebe até R$ 70 por mês

LOCALGANHAM ATÉ R$ 70/MÊS% DA POPULAÇÃO TOTAL
Maranhão1.691.18325,7
Piauí665.73221,3
Alagoas633.65020,3
Pará1.432.18818,9
Amazonas648.69418,6
Acre133.41018,2
Ceará1.502.92417,8
Bahia2.407.99017,2
Roraima76.35817,0
Paraíba613.78116,3
Pernambuco1.377.56915,7
Sergipe311.16215,0
Rio Grande do Norte405.81212,8
Amapá82.92412,4
Tocantins163.58811,8
Rondônia121.2907,8
Mato Grosso174.7835,8
Mato Grosso do Sul120.1034,9
Minas Gerais909.6604,6
Espírito Santo144.8854,1
Rio de Janeiro586.5853,7
Goiás215.9753,6
Paraná306.6382,9
Rio Grande do Sul306.6512,9
São Paulo1.084.4022,6
Distrito Federal46.5881,8
Santa Catarina102.6721,6
Brasil16.267.1978,5

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Plebiscito sobre a divisão do Pará

Divisão do Pará em três estados pode custar caro aos cofres públicos




Plebiscito da divisão do Pará repercute pelo país


A grande imprensa nacional repercutiu no último final de semana a aprovação pela Câmara dos Deputados de plebiscitos no Pará para ouvir a população sobre a possível criação dos Estados de Carajás, no sul e sudeste paraense, e de Tapajós, a oeste. A votação, que tem um prazo de seis meses para acontecer no caso de Carajás, ainda não foi definida totalmente pelo Congresso.

Matéria publicada sábado (08) pelo jornal Folha de São Paulo enfoca os impactos econômicos da possível criação do Estado de Carajás, que herdaria, após a divisão, as maiores reservas minerais e os principais empreendimentos da Vale instalados na região. Caso a população confirme a criação de Carajás, ele teria a maior mina produtora de minério de ferro em operação no mundo, em Parauapebas, explorada pela Vale. O texto da Folha lembra que em 2010, Parauapebas, Marabá e Canaã dos Carajás, que integrariam o novo Estado, responderam por 80% de todo o CFEM (royalties de mineração) arrecadado no Pará.

O jornal lista importantes reservas de cobre e níquel, exploradas pela Vale, que também ficariam no novo Estado e lembra que a Tapajós e ao Pará sobrariam apenas reservas de bauxita, como as do Rio do Norte, Juruti e Paragominas. Além disso, dos investimentos previstos pelas mineradoras até 2015, Carajás teria US$ 33 bilhões, Tapajós, US$ 0,6 bilhão, e o território restante do Pará US$ 7,9 bilhões.


RIQUEZA
O texto das Folha cita que as 39 cidades que integrariam Carajás fazem grandes apostas na extração de minérios, na siderurgia, na criação de gado e na geração de energia, atividades que iriam transformar a região numa das mais ricas do país, tendo como principal polo urbano e possível capital o município de Marabá. O jornal lembrou que Marabá celebrou a aprovação do plebiscito pela Câmara dos Deputados.

A matéria da Folha ainda ouviu a Associação dos Municípios do Araguaia, Tocantins e Carajás, formada por cidades da região. A entidade defende que o novo Estado não causaria problemas ao Pará, que centraria suas atividades no setor de serviços. Segundo os municípios, no agronegócio os principais produtos de Carajás seriam madeira, abacaxi, goiaba, gado e bananas, e um estudo diz que o Estado seria autossuficiente: teria gastos de R$ 1,8 bilhões e receitas de R$ 2,7 bilhões.

A matéria da Folha lembra ainda que ao possível novo Estado de Tapajós, que poderá reunir 27 municípios, ficaria a herança da usina hidrelétrica de Belo Monte, planejada pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Quatro das cinco cidades mais impactadas pela obra fariam parte desse Estado, como Altamira, e o principal polo urbano do Tapajós seria Santarém.

Ouvido também pela Folha, o vereador Reginaldo Campos (PSB), que apoia o plebiscito, afirma que a região ainda não tem maiores estudos sobre a área (com informações da Folha de São Paulo).


PLEBISCITOS
Na quinta, a Câmara dos Deputados aprovou projetos de plebiscitos sobre a criação dos estados de Carajás e Tapajós.

O CASO DE CARAJÁS: Decreto deve ser promulgado pelo presidente do Congresso, José Sarney (PMDB-AP), autorizando a consulta.

O CASO DE TAPAJÓS: Câmara aprovou o plebiscito. Falta votação no Senado.


Divisão pode não melhorar a gestão, diz especialista
Em artigo escrito para mesma edição da Folha de sábado (8), o analista Fernando Luiz Abrucio afirma que a possível divisão do Estado do Pará não equivaleria necessariamente à melhoria da gestão pública nas regiões implicadas.

Apesar de admitir que o desmembramento poderia aproximar os governantes da população no Pará, que é um Estado de grandes dimensões, Abrucio lembra que não necessariamente ocorrerá o mesmo que se viu no novo Estado de Tocantins, após a separação de Goiás.

“O problema é que, em nome da autonomia, deixa-se de pensar em duas questões atuais da gestão pública brasileira. A primeira é que o momento exige maior eficiência nos gastos públicos, fazendo mais com menos. Cabe lembrar que o desmembramento vai gerar duas novas estruturas governamentais, replicando os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário em cada um dos novos Estados. Os paraenses precisam saber deste custo para decidirem - afinal, supõe-se que serão eles que vão pagar a conta”, diz Abrucio em seu artigo.


NÓ FEDERATIVO
Doutor em Ciência Política pela USP, professor da FGV (SP) e pesquisador dos temas da gestão pública e do federalismo, Abrucio lembra ainda que a questão federativa também se torna mais complexa com o desmembramento. Para ele, a cooperação entre níveis de governo é uma peça importante para se aumentar a efetividade das políticas públicas. “Criar mais dois Estados pode levar à multiplicação do conflito. E se os entes federativos não forem parceiros no Pará, as fragilidades administrativas ficarão mais patentes”, argumenta. “Ademais, a divisão dará mais seis senadores e 16 deputados à região, e seria necessário saber se os demais Estados concordam com isso” (com informações da Folha de São Paulo).


Economista do Ipea diz que Carajás e Tapajós são estados ‘‘inviáveis”
O portal de notícias G1 publicou ontem (08) matéria especial onde o economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Rogério Boueri, afirma que Tapajós e Carajás seriam estados inviáveis, pelo que demonstram cálculos econônimos.

Segundo Boueri, caso cheguem a ser criados, os estados de Carajás e Tapajós dependerão de ajuda federal para arcar com as novas estruturas de administração pública que precisarão ser instaladas. O economista do Ipea fez cálculos, a pedido do G1, considerando os dados mais recentes disponíveis, referentes a 2008. Segundo concluiu Boueri, Tapajós e Carajás teriam, respectivamente, um custo de manutenção de R$ 2,2 bilhões e R$ 2,9 bilhões ao ano. Para o pesquisador do Ipea, diante da arrecadação projetada para os dois estados, os custos resultariam num déficit de R$ 2,16 bilhões, somando ambos, a ser coberto pelo governo federal.


O NÓ DO PIB
Boueri ressalta em sua análise que o PIB do Pará em 2008 foi de R$ 58,52 bilhões, e o estado gastou 16% disso com a manutenção da máquina pública. Para o mesmo, o Estado do Tapajós gastaria cerca de 51% do seu PIB e o de Carajás, 23%. A média nacional é de 12,72%. Segundo afirmou Boueri ao G1, “nessas bases, não tem estado que se sustente”.

Para chegar a essas conclusões, o pesquisador se debruçou sobre as médias de gastos com a manutenção da máquina pública por habitante em cada Estado, e assim chegou a uma projeção de quanto cada um deles gastaria, considerando as populações dos novos estados em discussão.


INVESTIMENTOS
Boueri citou ainda, na entrevista ao G1, que essa avaliação negativa não leva em conta ainda nem os altos investimentos envolvidos na criação dos estados, o que para ele só agrava o quadro. Construções de edifícios públicos e a necessidade de implantar infraestrutura no interior do Pará, como aeroportos e rodovias, também devem entrar na conta, diz o pesquisador, que afirmou ainda que Tapajós e Carajás “serão estados de boca aberta, esperando o dinheiro do governo federal”.
 
REPERCUSSÃO
Ouvidos pelo G1, prefeitos das regiões envolvidas e o governador do Pará, Simão Jatene, alternaram posições entre moderação e a comemoração. Maria do Carmo, prefeita de Santarém, prevista para ser a capital de Tapajós, lembrou que a criação do novo Estado é uma reivindicação histórica e cultural.

“Estamos a mais de 800 quilômetros da capital. Os recursos e os serviços não chegavam. Mesmo com o aumento da presença dos governos federal e estadual, permaneceu o espírito separatista”.

O prefeito de Marabá, Maurino Magalhães, confirmou que vai lutar pela criação de Carajás. “A maioria da população da região é favorável à divisão. Somos uma região de difícil acesso e com pouca presença do governo estadual. É importante a criação de Carajás para o desenvolvimento da nossa região”.

O governador do Pará, Simão Jatene (PSDB), disse em nota que é favorável ao plebiscito, mas sublinhou que a população “deve ter total clareza do que vai escolher e suas reais consequências” (com informações do portal G1).