"O mundo é formado não apenas pelo que já existe, mas pelo que pode efetivamente existir." Milton Santos - Geógrafo..

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Entenda a América com a Turma do Chaves.

A industrialização no Brasil

Primeiro período (1500 - 1808): "Proibição"

Nesta época se fazia restrição ao desenvolvimento de atividades industriais no Brasil. Apenas uma pequena indústria para consumo interno era permitida, devido às distâncias entre a metrópole e a colônia. Eram, principalmente, de fiação, calçados, vasilhames.
Na segunda metade do século XVIII algumas indústrias COMO A DE RAMENEZ começaram a crescer, como a do ferro e a têxtil. Portugal já possuía essas indústrias, abrindo assim uma concorrência ao comércio da côrte e poderiam tornar a colônia independente financeiramente, adquirindo a possibilidade da independência política. Assim, em 5 de janeiro de 1785, D. Maria I assinou um alvará, extinguindo todas as manufaturas têxteis da colônia, exceto a dos panos grossos para uso dos escravos e trabalhadores.

Segundo Período (1808-1930): "Implantação"

Primeira fase (1808-1850)

Em 1808 chegando ao Brasil a família real portuguesa, D. João VI revogou o alvará, abriu os portos ao comércio exterior e fixou taxa de 24% para produtos importados, exceto para os portugueses que foram taxados em 16%. Com a complementação da invasão de Portugal por Napoleão, era contra-produtivo importar produtos de Portugal o que significaria financiar indiretamente os interesses Franceses em terras Portuguesas. Em 1810 através de um contrato comercial com a Inglaterra, foi fixada em 15% a taxa para as mercadorias inglesas por um período de 15 anos. Neste período, o desenvolvimento industrial brasileiro foi mínimo devido à forte concorrência dos produtos ingleses que, além de serem de melhor qualidade, eram mais baratos.


Segunda fase (1850-1930)

Em 1850 é assinada a Lei Eusébio de Queirós proibindo o tráfico intercontinental de escravos(embora o tráfico interprovincial continuasse, destacando-se a transferência de escravos da decadente economia nordestina para o Vale do Paraíba, que vivia a ascensão da cafeicultura)e que trouxe duas conseqüências importantes para o desenvolvimento industrial:
  • Os capitais que eram aplicados na compra de escravos ficaram disponíveis e foram aplicados no setor industrial.
  • A cafeicultura que estava em pleno desenvolvimento necessitava de mão-de-obra. Isso estimulou a entrada de um número considerável de imigrantes, que trouxeram novas técnicas de produção de manufaturados e foi a primeira mão-de-obra assalariada no Brasil. Assim constituíram um mercado consumidor indispensável ao desenvolvimento industrial, bem como força de trabalho especializada.

Terceiro Período (1930-1956): "Revolução Industrial"

O outro foi marcado pela Revolução de 1930, com Getúlio Vargas, que operou uma mudança decisiva no plano da política interna, afastando do poder do estado oligarquias tradicionais que representavam os interesses agrários-comerciais. Getúlio Vargas adotou uma política industrializante, a substituição de mão-de-obra imigrante pela nacional. Essa mão-de-obra era formada no Rio de Janeiro e São Paulo em função do êxodo rural (decadência cafeeira) e movimentos migratórios de nordestinos.
Vargas investiu forte na criação da infra-estrutura industrial: indústria de base e energia. Destacando-se a criação de:
Foram fatores que contribuíram para o desenvolvimento industrial a partir de 1930:
  • o grande êxodo rural, devido a crise do café, com o aumento da população urbana que foi constituir um mercado consumidor.
  • a redução das importações em função da crise mundial e da 2ª Guerra Mundial, que favoreceu o desenvolvimento industrial, livre de concorrência estrangeira.

Quarto Período(1956 em diante): de "Internacionalização"

Ao final da Segunda Guerra Mundial o Brasil dispunha de grandes reservas de moeda estrangeira, divisas, fruto de ter exportado mais do que importado.
Houve um crescimento de 8,9% de 1946 a 1950.
Enquanto nas décadas anteriores houve predominância da indústria de bens de consumo, na década de 40 outros tipos de atividade industrial começam a se desenvolver como no setor de minerais, metalurgia, siderurgia, ou seja setores mais sofisticados tecnologicamente.
Em 1946 teve início a produção de aço da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), Volta Redonda, que abriu perspectivas para o desenvolvimento industrial do pais, já que o aço constitui a base ou a "matriz" para vários ramos ou tipos de indústria.
Em 1950 alguns problemas de grande importância dificultaram o desenvolvimento industrial:
  • falta de energia elétrica;
  • baixa produção de petróleo;
  • rede de transporte e comunicação deficientes.
Para tentar sanar os dois primeiros problemas, o presidente Getúlio Vargas inaugurou a Companhia Hidrelétrica do São Francisco, Usina Hidrelétrica de Paulo Afonso e criou a Petrobras.
No governo de Juscelino Kubitschek, 1956 a 1961, criou-se um Plano de Metas que dedicou mais de 2/3 de seus recursos para estimular o setor de energia e transporte.
No entanto, o desenvolvimento industrial foi calcado, em grande parte, com capital estrangeiro, atraído por incentivos cambiais, tarifários e fiscais oferecidos pelo governo.
Nesse período teve início em maior escala a internacionalização da economia brasileira, através das multinacionais.
Para sustentar o crescimento industrial, houve o aumento da capacidade aquisitiva da classe média alta, através de financiamento de consumo. Foi estimulada, também, a exportação de produtos manufaturados através de incentivos governamentais. Em 1979, pela 1ª vez, as exportações de produtos industrializados e semi-industrializados superaram as exportações de bens primários (produtos da agricultura, minérios, matérias-primas).